As cidades tendem a atrair talentos, a permitir a criatividade e a incentivar o pensamento disruptivo, desenvolvendo-se através de uma abordagem de modelo de inovação e de uma combinação de elementos físicos e digitais.
Tradicionalmente, as empresas e os parques industriais estavam concentrados nos subúrbios da cidade, mas as empresas em fase de arranque e os nómadas digitais estão agora a trazer a inovação e as ideias para os centros. À medida que o número de habitantes aumenta nas zonas urbanas, as cidades competem por investimento, trabalhadores qualificados (talento) e proeminência cultural, o que está a transformar as regiões urbanas em centros de inovação, tirando partido dos dados. Estudos sobre o investimento em capital de risco (VC) nos Estados Unidos ilustram esta tendência: a inovação desloca-se dos subúrbios para o centro das cidades,1 o que o Banco Mundial define como "o conjunto de intervenientes, ativos e respetivas interações em ambientes urbanos que resultam em inovação e empreendedorismo de base tecnológica (em particular TIC)".2
Poderá encontrar algumas cidades com um departamento de inovação ou tecnologia e indivíduos a trabalhar num silo, tentando inovar a partir daí. Não é a isso que nos referimos. As cidades adotarão uma abordagem multidimensional de inovação, o chamado quadro da hélice quíntupla da inovação (de interações entre a universidade, a indústria, o governo, o público e o ambiente).3 E, por sua vez, os governos municipais atuarão como plataformas que permitem as ligações, as políticas, os locais e as infraestruturas certas para fazer florescer o ecossistema, resolvendo os desafios mais proeminentes da cidade, trazendo mudanças para a cidade, para as indústrias e para o mundo.
As cidades serão laboratórios vivos para a transformação digital e centros de experimentação, utilizando dados para desenvolver projetos-piloto que podem ser escalados. Por exemplo, Barcelona foi descrita como: "um grande laboratório para o seu talento criativo, as suas comunidades residentes e os seus centros de conhecimento".4 Ao colocar a atração de talentos no centro da sua estratégia, uma cidade desenvolve-se visando ser o anfitrião mais atrativo (de pessoas, empresas e centros de investigação), de modo a facilitar o desenvolvimento do ecossistema. A Câmara Municipal tem de desenvolver as competências adequadas, a recolha e a utilização de dados, e modernizar o seu modelo de governação para promover a colaboração e incentivar a inovação aberta. O aumento do nível de adoção de inovações digitais em sectores económicos altamente prioritários gera um impacto positivo na competitividade local, abrindo novas fontes de emprego e crescimento económico, decorrentes da criação de novas empresas e tipos de emprego.5 Na cidade de Nova Iorque, o sector tecnológico cresceu a um ritmo mais rápido do que outros sectores, tornando-se uma nova fonte de emprego direto e indireto. Do mesmo modo, Banguecoque tem acrescentado mais de 3.000 empregos diretos por ano à sua indústria de TIC.6
O trabalho remoto aumentou a lista de cidades que podem adotar esta posição estratégica. Segundo a teoria da "ascensão do resto" apresentada por Richard Florida em 2019,7 a mudança da atração de empresas para a atração de talentos permite às cidades mais pequenas prosperar num mundo pós-pandémico, utilizando os dados como fonte de competitividade no ambiente de inovação digital. É também um momento para pequenos hubs remotos.
"Os dados, por si só, não fazem nada, mas se as cidades conseguirem criar ambientes em que as pessoas queiram viver e trabalhar, e se tiverem uma infraestrutura de dados que possa ser utilizada pelos empresários de melhor forma do que as cidades concorrentes, provavelmente sairão vencedoras".
— Kent Larson, Diretor da CityScience no MIT Media Lab
"Os dados, por si só, não fazem nada... mas se as cidades conseguirem criar ambientes em que as pessoas queiram viver e trabalhar, e se tiverem uma infraestrutura de dados que possa ser utilizada pelos empresários de uma forma melhor do que as cidades concorrentes, provavelmente sairão vencedoras".
— Kent Larson, Diretor da CityScience no MIT Media Lab
Notas finais :
Pode aceder às ligações para estas fontes, quando disponíveis, na página 148 do estudo Urban Future with a Purpose.