ConsumerSignals, agora no seu terceiro ano, é uma exploração longitudinal de comportamentos de consumo e dos fatores que os impulsionam. Todos os meses, inquirimos milhares de consumidores em 20 países sobre o seu sentimento de bem-estar financeiro, intenções de gasto e próximas compras, grandes e pequenas — desde a próxima ida ao supermercado até às próximas férias, próxima compra de veículo, e mais.
Com a adesão da Deloitte Portugal a esta plataforma global da Deloitte, é-nos possível acompanhar mensalmente todos estes indicadores relativos à realidade nacional. Podemos também compará-los com a realidade dos outros 19 países subscritores (por exemplo, EUA, Espanha, China, Alemanha, Brasil, França, entre outros), bem como de regiões agregadoras de países relevantes (por exemplo, África, APAC, Europa, América do Norte).
Considerando a série de dados disponíveis até junho de 2024, conseguimos apurar alguns insights globais sobre o sentimento prevalente nos consumidores portugueses, incluindo a evolução e a comparabilidade com outros países e regiões relacionadas:
Analisando em maior detalhe os dados, conseguimos aferir com maior rigor as causas que influenciam os principais índices, em particular, nos setores de Retalho e Produtos de Consumo.
Quando questionados relativamente à aquisição de produtos de mercearia nas últimas duas semanas de junho de 2024, a grande maioria dos portugueses (60%), independentemente do grupo etário, género ou rendimento, responderam que reduziram custos ao evitar o desperdício de comida nas suas casas, em linha com o comportamento dos últimos meses. Verificou-se, por outro lado, uma diminuição naqueles que indicaram a redução do consumo resultante num comportamento de compra menor do que a sua vontade (26% em junho de 2024 face aos 29% em março de 2024).
É curioso notar que, quando analisado o subgrupo com rendimentos mais baixos, o único comportamento a destacar-se ascendentemente é a opção de compra apenas de bens essenciais (62% em junho de 2024 face a 58% em maio de 2024), e os demais a verificarem-se em queda.
Já, no subgrupo de maiores rendimentos, os únicos dois comportamentos em quebra são a aquisição de produtos de mercearia com ingredientes de baixo custo (32% em junho de 2024 face a 33% em maio de 2024) e a compra de menos produtos do que os desejados (13% em junho de 2024 face a 14% em maio de 2024), com todos os outros comportamentos em crescimento.
No Share of Wallet, quando comparamos Portugal com a Europa, verificamos existir uma correlação na maioria das dimensões, com exceção das poupanças/investimentos e das compras de mercearia. Conclui-se que há uma menor predisposição dos portugueses para utilizar parte dos rendimentos para poupanças/investimentos (5%) face à globalidade dos europeus (8%) e superior em compras de mercearia (19%) face aos europeus (16%). Nas demais categorias, a diferença entre as opções dos portugueses não é superior/inferior a 1 ponto percentual face às opções da maioria dos europeus.
Curiosamente, quando analisados os dados para o subgrupo de menores rendimentos, a variação mais relevante entre portugueses (15%) e europeus (20%) é na 'Habitação', demonstrando que os gastos nesta categoria têm um peso maior no orçamento dos portugueses. As demais categorias encontram-se muito correlacionadas.
Quando analisados os dados para o subgrupo de maiores rendimentos, as variações mais relevantes entre portugueses e europeus são nas categorias de 'Poupança/Investimento' (7% para portugueses e 11% para a generalidade dos europeus) e 'Recreação, Entretenimento e Viagens de Lazer' (14% para portugueses e 17% para europeus), demonstrando que os portugueses gastam menos nesta duas categorias do que os europeus, por oposição ao que se verifica na categoria de 'Compras de Mercearia' (19% para portugueses e 16% para europeus). As restantes categorias apresentam resultados muito correlacionados.
Finalmente, e numa época em que, por norma, se planeiam as férias de verão a realizar, importa partilhar aquelas que são as principais declarações que melhor descrevem as intenções dos portugueses.
As intenções são, na sua maioria, divergentes entre os subgrupos classificados como 'Poupadores' e 'Gastadores':
A maioria dos poupadores opta por fazer férias fora da época alta, geralmente por um período mais curto. Eles procuram voos low-cost e acomodações mais económicas. No entanto, isso não significa que estejam dispostos a aceitar um pacote de férias que não corresponda às suas expetativas, sendo este o critério onde são mais exigentes. Além disso, tendem a minimizar as atividades dispendiosas no destino. Os Gastadores, claramente, dão primazia à comodidade na escolha da época do ano, do meio de transporte a utilizar e nas atividades que farão no destino, por contrapartida da localização, em que estão disponíveis a escolherem um destino aquém do desejado.
O ConsumerSignals terá, conforme referido anteriormente, uma cadência de informação a cada mês, sendo que a Deloitte Portugal procurará, de forma igualmente mensal, acompanhar alguns indicadores de relevância para a sociedade. Já ao nível trimestral, irá realizar análises de temáticas, que, pelo contexto momentâneo da economia, sociedade ou política, faça sentido aprofundar.
Poderá encontrar aqui o acesso aberto à plataforma de exploração de todos os dados, indicadores e insights disponíveis com o ConsumerSignals, para consumo self-service. Naturalmente, a análise dos insights tornar-se-á exponencialmente mais rica com a adição da série de dados a recolher nos próximos meses, em particular, quando completo um ano da série de dados recolhido, seja possível analisar a evolução homóloga dos resultados.