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As escolhas dos portugueses: do supermercado ao turismo fora do país

ConsumerSignals, agora no seu terceiro ano, é uma exploração longitudinal de comportamentos de consumo e dos fatores que os impulsionam. Todos os meses, inquirimos milhares de consumidores em 20 países sobre o seu sentimento de bem-estar financeiro, intenções de gasto e próximas compras, grandes e pequenas — desde a próxima ida ao supermercado até às próximas férias, próxima compra de veículo, e mais.

Com a adesão da Deloitte Portugal a esta plataforma global da Deloitte, é-nos possível acompanhar mensalmente todos estes indicadores relativos à realidade nacional. Podemos também compará-los com a realidade dos outros 19 países subscritores (por exemplo, EUA, Espanha, China, Alemanha, Brasil, França, entre outros), bem como de regiões agregadoras de países relevantes (por exemplo, África, APAC, Europa, América do Norte).

Como se destaca o sentimento dos consumidores?


Considerando a série de dados disponíveis até junho de 2024, conseguimos apurar alguns insights globais sobre o sentimento prevalente nos consumidores portugueses, incluindo a evolução e a comparabilidade com outros países e regiões relacionadas:

  • O Índice de Bem-Estar Financeiro atingiu 105,5, um valor positivo, com tendência igualmente positiva face a maio de 2024 (105,1), e em linha com o resto da Europa (105,8). Isto significa que os portugueses estão, globalmente, mais confiantes na sua condição financeira.
  • O Índice de Ansiedade subiu 2 pontos percentuais para 7% face a maio de 2024, em contraciclo com o que se verifica na Europa (-9%) e nos EUA (-7%).
  • O Índice de Preocupação com a Inflação, no que diz respeito aos preços das compras correntes, continua a cair e atingiu em junho de 2024 o valor mais baixo em 6 meses. Ainda assim, 83% dos portugueses permanecem preocupados com o preço dos bens de consumo.
  • O Índice de Intenção de Gastos continua a sua tendência positiva e atingiu, pela primeira vez num ano, um valor positivo (+1,3%). Este aumento foi muito impulsionado pelo crescimento exponencial verificado nas categorias de consumo de 'Viagens de Lazer' (+32,2%), 'Bens Domésticos do Dia-a-Dia' (+10,0%) e 'Cuidados Pessoais' (+11,1%).

No momento de compras de supermercado
 

Analisando em maior detalhe os dados, conseguimos aferir com maior rigor as causas que influenciam os principais índices, em particular, nos setores de Retalho e Produtos de Consumo.

Quando questionados relativamente à aquisição de produtos de mercearia nas últimas duas semanas de junho de 2024, a grande maioria dos portugueses (60%), independentemente do grupo etário, género ou rendimento, responderam que reduziram custos ao evitar o desperdício de comida nas suas casas, em linha com o comportamento dos últimos meses. Verificou-se, por outro lado, uma diminuição naqueles que indicaram a redução do consumo resultante num comportamento de compra menor do que a sua vontade (26% em junho de 2024 face aos 29% em março de 2024).

É curioso notar que, quando analisado o subgrupo com rendimentos mais baixos, o único comportamento a destacar-se ascendentemente é a opção de compra apenas de bens essenciais (62% em junho de 2024 face a 58% em maio de 2024), e os demais a verificarem-se em queda.

Já, no subgrupo de maiores rendimentos, os únicos dois comportamentos em quebra são a aquisição de produtos de mercearia com ingredientes de baixo custo (32% em junho de 2024 face a 33% em maio de 2024) e a compra de menos produtos do que os desejados (13% em junho de 2024 face a 14% em maio de 2024), com todos os outros comportamentos em crescimento.

Como é composto o orçamento mensal?
 

No Share of Wallet, quando comparamos Portugal com a Europa, verificamos existir uma correlação na maioria das dimensões, com exceção das poupanças/investimentos e das compras de mercearia. Conclui-se que há uma menor predisposição dos portugueses para utilizar parte dos rendimentos para poupanças/investimentos (5%) face à globalidade dos europeus (8%) e superior em compras de mercearia (19%) face aos europeus (16%). Nas demais categorias, a diferença entre as opções dos portugueses não é superior/inferior a 1 ponto percentual face às opções da maioria dos europeus.

Curiosamente, quando analisados os dados para o subgrupo de menores rendimentos, a variação mais relevante entre portugueses (15%) e europeus (20%) é na 'Habitação', demonstrando que os gastos nesta categoria têm um peso maior no orçamento dos portugueses. As demais categorias encontram-se muito correlacionadas.

Quando analisados os dados para o subgrupo de maiores rendimentos, as variações mais relevantes entre portugueses e europeus são nas categorias de 'Poupança/Investimento' (7% para portugueses e 11% para a generalidade dos europeus) e 'Recreação, Entretenimento e Viagens de Lazer' (14% para portugueses e 17% para europeus), demonstrando que os portugueses gastam menos nesta duas categorias do que os europeus, por oposição ao que se verifica na categoria de 'Compras de Mercearia' (19% para portugueses e 16% para europeus). As restantes categorias apresentam resultados muito correlacionados.

Evolução das preferências ao nível do turismo e lazer

 

Finalmente, e numa época em que, por norma, se planeiam as férias de verão a realizar, importa partilhar aquelas que são as principais declarações que melhor descrevem as intenções dos portugueses.

As intenções são, na sua maioria, divergentes entre os subgrupos classificados como 'Poupadores' e 'Gastadores':

  • menos volátil no 'Quando' e 'Onde Viajo', bem como no tipo de atividades a realizar no destino;
  • mais volátil, quando aplicável, no tipo de voo a utilizar e no tipo de localização e acomodação a escolher.

A maioria dos poupadores opta por fazer férias fora da época alta, geralmente por um período mais curto. Eles procuram voos low-cost e acomodações mais económicas. No entanto, isso não significa que estejam dispostos a aceitar um pacote de férias que não corresponda às suas expetativas, sendo este o critério onde são mais exigentes. Além disso, tendem a minimizar as atividades dispendiosas no destino. Os Gastadores, claramente, dão primazia à comodidade na escolha da época do ano, do meio de transporte a utilizar e nas atividades que farão no destino, por contrapartida da localização, em que estão disponíveis a escolherem um destino aquém do desejado.


Outras curiosidades a reter sobre os hábitos e intenções de consumo dos portugueses:

 

  • 16% dos inquiridos responderam que estão a avaliar a aquisição de um carro nos próximos 6 meses, em que 34% afirmou estar a avaliar uma opção elétrica ou full-hybrid (uma quebra abrupta face ao verificado em março de 2024, onde 44% declaravam preferência pelas viaturas eletrificadas). A principal razão que suporta esta intenção de aquisição prende-se maioritariamente com a baixa valorização e alto custo de manutenção da sua viatura atual (29%), a procura de uma opção de consumo de combustível mais eficiente (19%) e as mudanças dos hábitos/necessidades de mobilidade que sugerem um tipo de veículo diferente (15%);
  • A maioria dos portugueses, apesar de estar predisposta a utilizar mais dos seus rendimentos em 'Viagens de Lazer' (+32,2%), prevê ainda assim que, nos próximos 3 meses, tenha menos intenção de agendar férias do que se verificava em maio de 2024. É um comportamento que indica um planeamento antecipado do agendamento das férias de verão, sendo evidência disso a queda de 40% para 32% no aluguer de casa/apartamento e de 48% para 42% nas reservas de hotéis. A única categoria com uma queda marginal foi a reserva de cruzeiros, com uma queda de 15% para 14%;
  • Como último destaque, terminando como iniciamos, importa partilhar o contexto em que os portugueses se veem e, em particular, o que influencia os seus graus de ansiedade atuais (38% referiu sentir-se globalmente ansioso, sendo o país europeu mais “ansioso”, e só atrás da Índia (43%), Brasil (43%) e África do Sul (42%)), em que, em termos económicos, a condição financeira pessoal é a mais relevante (45%), em termos de saúde e bem-estar, o bem-estar da família é a maior preocupação (39%) e, em termos de desafios globais, as alterações climáticas (18%) são a maior inquietação. De notar que a variância verificada, quando escolhidos subgrupos específicos (género, tipo de rendimento e faixa etária), não é relevante estatisticamente, em particular naquilo que são os principais drivers de ansiedade.

O ConsumerSignals terá, conforme referido anteriormente, uma cadência de informação a cada mês, sendo que a Deloitte Portugal procurará, de forma igualmente mensal, acompanhar alguns indicadores de relevância para a sociedade. Já ao nível trimestral, irá realizar análises de temáticas, que, pelo contexto momentâneo da economia, sociedade ou política, faça sentido aprofundar.

Poderá encontrar aqui o acesso aberto à plataforma de exploração de todos os dados, indicadores e insights disponíveis com o ConsumerSignals, para consumo self-service. Naturalmente, a análise dos insights tornar-se-á exponencialmente mais rica com a adição da série de dados a recolher nos próximos meses, em particular, quando completo um ano da série de dados recolhido, seja possível analisar a evolução homóloga dos resultados.

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