Ir para o conteúdo principal

A pressão sobre os General Counsel (GC) está a fazer evoluir a prestação de serviços jurídicos

O papel do consultor General Counsel (GC) está a mudar e os prestadores de serviços jurídicos estão a reagir. Mas será que estão a extrair o real valor?

O grande negócio está cada vez mais focado nas operações. A busca por cortar orçamentos operacionais não é uma novidade, mas a pandemia certamente intensificou essa tendência de procurar eficiências na entrega de serviços. O departamento jurídico — enquanto unidade de negócio — não é exceção. Os GCs estão a procurar reduzir o peso de tarefas de baixo valor e com grande consumo de recursos nas suas equipas jurídicas, enquanto operam num ambiente regulatório e de negócios cada vez mais complexo.

Os GC estão a operar num mundo cada vez mais complexo, com exigências de redução de custos e de cumprimento de normas mais elevadas.

Muitas equipas estão sobrecarregadas com tarefas de menor valor que precisam ser feitas, mas que acabam por causar frustração e esgotamento. Frequentemente, o problema é o mesmo: a equipa é pequena para a carga de trabalho e a priorização dificulta-se, resultando na falta de tempo para se focar na visão mais ampla e tornar-se um verdadeiro parceiro de negócios.

 

A evolução dos prestadores de serviços jurídicos


O uso de alternativas aos escritórios de advocacia, como os “prestadores alternativos de serviços jurídicos”, tem vindo a aumentar devido à pressão para que as organizações externalizem serviços. A sua atratividade é clara: frequentemente, oferecem preços flexíveis, permitindo às organizações controlar os seus orçamentos de forma mais eficaz.

Ao considerar as práticas jurídicas das Big Four, os benefícios vão muito além da poupança de custos. Elas oferecem acesso a uma ampla gama de especializações profissionais, entregues multidisciplinarmente, algo que seria difícil para os GCs obterem internamente ou contratar no mercado tradicional de serviços jurídicos. Os GCs podem ser apoiados por especialistas que os ajudam a repensar a sua função jurídica, ao mesmo tempo que lhes é prestado apoio para trabalhos de menor valor. Podem também contar com estes fornecedores para responder aos picos e às quedas nas suas necessidades de recursos sem terem de gerir os problemas de pessoal. Combinado, este apoio permite que o GC se concentre em questões estratégicas, alterações regulatórias e parcerias comerciais.

A evolução do papel do GC, combinada com uma maior aceitação de alternativas aos escritórios de advogados tradicionais, evidencia uma mudança na contratação de serviços jurídicos, em geral.

 

Mais opções do que nunca


O aumento dos prestadores de serviços multidisciplinares significa que os GC têm mais opções do que nunca. Este é claramente um desenvolvimento positivo — liberando recursos e permitindo-lhes tornar-se mais estratégicos no seu papel dentro da organização. A procura por um serviço jurídico abrangente e integrado nos negócios não precisa de comprometer o papel do escritório de advocacia tradicional. No entanto, o GC deve questionar-se se obtém o nível certo de valor.

Um verdadeiro prestador de serviços multidisciplinares será composto por profissionais com diversas formações empresariais e profissionais, o que significa que oferecem mais do que apenas excelência técnica. São conscientes do negócio e capazes de responder de forma mais orientada para soluções, utilizando tecnologia desenvolvida em serviços adjacentes para fins semelhantes. Isto não significa que os grandes escritórios de advocacia tradicionais não tenham um lugar neste mercado, mas sim reconhecer que os GCs necessitam tanto de aconselhamento jurídico especializado quanto de soluções jurídicas para criar eficiências no dia a dia.

A estrutura dos escritórios de advogados tradicionais irá provavelmente mudar para satisfazer ambas as necessidades. Quem encarar a mudança — e a impulsionar — será o vencedor neste mercado.

 

Maximizar a oportunidade


Um GC que pretende aproveitar esta mudança na prestação de serviços jurídicos, ao mesmo tempo que prioriza a sua carga de trabalho geral e posiciona estrategicamente a sua equipa jurídica, deve procurar compreender qual o modelo de apoio que melhor se adapta à sua organização.

Historicamente, a única opção era aumentar o tamanho da equipa ou recorrer a um escritório de advocacia para prestar apoio. Hoje em dia, o GC tem muitas mais opções, e construir uma relação sólida com um prestador que possa oferecer um apoio holístico e flexível — tendo em conta as complexidades do modelo operacional da empresa — é uma oportunidade que não deve ser desperdiçada.

A chave para encontrar o prestador certo está em fazer parceria com alguém que dedique tempo para compreender o negócio e como o departamento jurídico interage com outras áreas da empresa. Os GCs devem estar abertos a explorar novas opções para externalizar as suas necessidades jurídicas. Isso pode ser feito alargando o seu horizonte além dos escritórios de advocacia tradicionais, discutindo as suas necessidades de forma mais eficaz com o seu fornecedor atual ou através da procura de novas conexões com prestadores de serviços profissionais em outras áreas da sua organização.

Mas uma coisa é certa: O papel do GC está a evoluir para acompanhar o ritmo das pressões externas que as suas organizações enfrentam.


Autor: Sibilla Ricciardi, Partner, Deloitte Legal Itália