Quando reorganizar
Uma reestruturação de grupo pode oferecer inúmeros benefícios, como a redução de ineficiências operacionais, o aumento de valor, maior agilidade e competitividade, além de preparar o caminho para futuros crescimentos e mudanças.
No entanto, também é comum que as reorganizações de grupo não corram como previsto, exigindo ações corretivas dispendiosas.
Como pode o setor jurídico ajudar
A equipa jurídica desempenha um papel crucial no sucesso de um projeto de reestruturação, ajudando a lidar com leis complexas e questões que envolvem múltiplas partes interessadas. Além de fornecer aconselhamento jurídico e preparar a documentação necessária, compreendem também a interação e o alinhamento indispensáveis entre as áreas de fiscalidade, contabilidade, finanças, recursos humanos e outras áreas de negócio.
Eis quatro dicas para um projeto de reorganização bem-sucedido à primeira:
- Tenha a mentalidade certa: simplificar não significa necessariamente ser simples
Grandes projetos frequentemente envolvem várias entidades do grupo em múltiplas jurisdições. Isso implica coordenar uma grande quantidade de partes interessadas, consultores e aspetos logísticos. A tecnologia pode ser uma grande aliada neste contexto e está a evoluir rapidamente. Existem ferramentas disponíveis para planear e acompanhar projetos, facilitando a colaboração entre equipas. Plataformas de assinatura eletrónica também podem ser utilizadas para simplificar o processo de assinatura, embora seja essencial verificar as regras aplicáveis em cada jurisdição.
Dica: Comece com o pé direito, realizando um planeamento cuidadoso e detalhado — reserve tempo para explicar e ouvir os stakeholders desde o início e considere os timings-chave e a logística logo no início do processo.
- Respeitar os pormenores legais
As reorganizações dentro do grupo geralmente envolvem processos jurídicos obrigatórios e complexos. Se não forem seguidas, as transações podem ser anuladas e precisarão ser revertidas, podendo, nalguns casos, aplicar-se sanções criminais. Uma boa compreensão dos procedimentos em cada jurisdição e uma implementação cuidadosa serão fundamentais. Isto pode ser especialmente importante se ocorrerem mudanças de última hora e for necessário alterar os trâmites legais no último momento.
É necessário monitorizar os desenvolvimentos na legislação, e uma abordagem de “igual à última vez” pode nem sempre ser eficaz. As empresas devem considerar o cenário jurídico global em constante mudança, onde está a ser introduzida uma regulamentação cada vez mais rigorosa em várias jurisdições para combater questões como segurança nacional e novas atividades criminosas cada vez mais sofisticadas.
Dica: Certifique-se que faz as perguntas certas e que compreende as questões legais em todas as jurisdições envolvidas. Dedicar tempo para identificar problemas desde o início e noutros momentos chave do projeto pode poupar tempo, custos e medidas corretivas no futuro.
- Dentro do grupo não significa ausência de controlo: Os padrões habituais de cuidado e diligência são essenciais
Uma ideia errada comum é a de que não haverá fiscalização das transações entre entidades do mesmo grupo; que todas as transações são entre partes “conhecidas” do grupo e, por isso, não há necessidade de documentar e evidenciar tão detalhadamente como nas transações com terceiros. Na realidade, auditores e autoridades fiscais podem (e frequentemente) examinar as transações e levantar questões. As transações também podem ser alvo de análise no futuro por potenciais compradores, como parte de um processo de due diligence ou no caso de insolvência.
Dica: Desafie o seu próprio pensamento e certifique-se de que tem tempo para considerar as preocupações dos diferentes especialistas que trabalham no projeto.
- Corporate governance
Os padrões de governação corporativa têm estado em destaque recentemente, após várias falências empresariais de grande escala. A legislação de muitas jurisdições inclui requisitos mínimos para a conduta da empresa e a manutenção de registos. Estes são por vezes complementados por códigos de boas práticas de corporate governance.
Dica: Certifique-se de cumprir as leis, códigos e políticas corporativas aplicáveis ao seu caso. As transações dentro do grupo devem ser devidamente documentadas e os registos completos e precisos devem ser mantidos.