A 10 de julho de 2025, a Comissão Europeia publicou a versão final do Código de Conduta para a IA de Finalidade Geral (GPAI), um quadro voluntário desenvolvido por 13 especialistas independentes com contributos de mais de 1.000 partes interessadas — incluindo prestadores de modelos, PME, académicos, especialistas em segurança, titulares de direitos e organizações da sociedade civil.
O Código de Conduta para IA de Finalidade Geral (GPAI), publicado pela Comissão Europeia a 10 de julho de 2025, tem como objetivo principal auxiliar os prestadores de modelos de IA de finalidade geral (“providers”) a cumprirem os requisitos legais definidos no AI Act. Este Código oferece um quadro estruturado e prático para apoiar estes prestadores a navegar num ambiente regulatório complexo, aplicável a sistemas de IA que servem múltiplas aplicações e setores.
Mais concretamente, o Código GPAI visa:
Em suma, este Código funciona como um mecanismo voluntário, mas de grande impacto, para preparar o ecossistema da IA para a conformidade antes dos prazos legais.
O Código de Conduta GPAI está organizado em três capítulos principais, cada um focado num aspeto essencial para o desenvolvimento e implementação responsáveis de modelos de IA de finalidade geral:
1. Segurança e Proteção: Este capítulo centra-se na implementação de metodologias avançadas para identificar, avaliar e gerir riscos sistémicos associados aos modelos de IA mais avançados. No âmbito do presente capítulo destacamos alguns compromissos que são impostos aos signatários, entre os quais:
2. Direitos de Autor: Este capítulo fornece orientações práticas para ajudar os prestadores a cumprir o Artigo 53.º, n.º 1, alínea c) do EU AI Act, que trata de questões relacionadas com os direitos de autor no treino e na obtenção de outputs por IA. Os pontos-chave incluem:
3. Transparência: A transparência é fundamental para criar confiança nos sistemas de IA. Este capítulo visa facilitar o cumprimento das obrigações dos prestadores de modelos de IA de finalidade geral, em particular, a elaboração e atualização da documentação técnica dos modelos e elaboração e atualização e disponibilização de informações e documentação aos prestadores de sistemas de IA que pretendam integrar o modelo de IA de finalidade geral nos seus sistemas de IA.
Neste capítulo é ainda disponibilizado um “Formulário de Documentação do Modelo” simples e prático, que permite aos prestadores de modelos compreender a documentação e a informação que deverá ser mantida.
Ao facilitar uma comunicação clara, este auxilia o cumprimento dos requisitos do AI Act e promove a responsabilidade perante utilizadores, reguladores e público em geral.
Embora a sua adoção seja voluntária, este Código oferece uma oportunidade estratégica para que as empresas demonstrem conformidade, reduzindo encargos administrativos e aumentando a segurança jurídica — fatores cruciais para as pequenas e médias empresas que procuram crescer em mercados cada vez mais regulados.
Nos próximos meses, a avaliação do Código pelos Estados-Membros e a publicação de orientações complementares serão decisivas para consolidar este quadro regulatório, pelo que acompanhar estas atualizações será essencial.