Como podem as empresas de petróleo e gás melhorar a sua reputação, lidar com as percepções e exigências dos stakeholders, conseguir um maior impacto socioeconómico e cumprir os requisitos de conformidade?
Do ponto de vista científico, o setor do petróleo, do gás e dos produtos químicos (OGC) é o mais qualificado para liderar a transição global para um mundo descarbonizado. No entanto, no que diz respeito à confiança, um inquérito global recente coloca o setor da energia nos últimos lugares do grupo. Esta falta de confiança tem origem em manchetes negativas (derrames de petróleo, fracking, poluição por plásticos), um sentimento de corrupção no setor e numa distribuição desigual da recompensa pela extração. As empresas que não reconstruírem, renovarem e reforçarem a confiança, em especial no que se refere à transição energética e à sustentabilidade, arriscam-se a um custo de capital mais elevado e à erosão dos ativos, uma vez que as instituições financeiras incorporam cada vez mais o risco climático nos seus cálculos de crédito e aplicam filtros ambientais, sociais e de governação (ESG).
A confiança está na base dos progressos necessários para fazer face às alterações climáticas e da transformação do modelo de negócio necessário para que as empresas do setor do petróleo e do gás sobrevivam e prosperem nos próximos anos. Os líderes do setor do petróleo e do gás devem compreender que a confiança é tangível e é construída de dentro para fora de uma organização. Têm de fazer escolhas conscientes e diárias no sentido de uma maior transparência e investir em relações que gerem valor mútuo. E devem compreender as diferentes expectativas que os grupos de stakeholders do setor do petróleo e do gás têm em relação à empresa, quer sejam investidores, funcionários, clientes ou organizações não governamentais e grupos de ativistas. Que compromissos climáticos terá a empresa de cumprir para gerar a confiança de cada grupo?
Ultrapassar o défice de confiança das empresas do setor do petróleo e do gás não será fácil, mas há medidas que podem ser tomadas para estabelecer e aumentar a confiança na transição para um futuro sustentável. Estas medidas incluem:
O caminho para a descarbonização não vai ser fácil e vai exigir compromissos significativos e decisões difíceis. É de desempenho estratégico e financeiro crítico e deve estar no topo da agenda do conselho e dos executivos de qualquer empresa que leve a sério a sobrevivência à transição. Para as empresas que forem ágeis e ponderadas, a descarbonização vai permitir uma nova fase de crescimento e de criação de valor. Para aquelas que se atrasam, os riscos estão a aumentar e a sua sobrevivência não está garantida.
Quando se trata de alterações climáticas e sustentabilidade, as empresas de petróleo e gás, posicionadas como estão no início da cadeia de valor da energia, têm uma enorme oportunidade de liderar a conversa. Podem contribuir com informações baseadas naquilo que sabem fazer melhor: geologia e química molecular. Podem falar de forma realista sobre o tempo que demorará o desenvolvimento da transição energética e o seu custo. Por último, podem ser francos sobre as suas próprias contribuições históricas e actuais para as alterações climáticas e os desafios que enfrentam. Ao fazê-lo, podem criar narrativas convincentes que demonstrem uma compreensão profunda dos desejos dos stakeholders e renunciar ao impulso de simplesmente "contar uma história" que os coloque numa perspetiva mais positiva.