Em um cenário global marcado por incertezas, os CEOs de companhias aéreas priorizam disciplina financeira, confiabilidade operacional e investimentos em tecnologia, especialmente em inteligência artificial, para fomentar resiliência e crescimento sustentável. A conclusão é parte do 2025 Airline CEO Survey, estudo global da Deloitte, organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo, que contou com a participação de CEOs de 32 companhias aéreas do mundo todo – incluindo do Brasil.
O estudo revela que confiabilidade operacional (66%) e controle de custos (63%) lideram a agenda estratégica desses CEOs para os próximos 12 meses, refletindo a busca por operações mais eficientes e previsíveis. Entre as ações mais citadas para esses propósitos estão garantir pontualidade nos voos, excelência técnica na manutenção e capacidade de recuperação rápida das operações em situações de crise. Mais da metade dos CEOs afirmam estar investindo em processos e tecnologias para reduzir o impacto de interrupções e melhorar a gestão de recursos, como tripulação e frota.
“As companhias aéreas estão concentrando os recursos onde há retorno mensurável. Tecnologia, eficiência e experiência do cliente andam lado a lado, construindo resiliência e preparando o setor para crescer de forma sustentável. Isso significa investir em soluções digitais que melhorem a confiabilidade operacional, otimizar processos para reduzir custos e, ao mesmo tempo, oferecer uma jornada mais fluida e personalizada ao passageiro. É um movimento que fortalece o presente e posiciona as empresas para aproveitar oportunidades futuras, independentemente dos desafios externos”, afirma Paulo de Tarso, líder da indústria de Consumo da Deloitte.
Tecnologia como motor de eficiência e crescimento
A transformação digital passou a ocupar o centro da estratégia de crescimento das companhias aéreas. Análise avançada de dados lidera o ranking geral de investimentos, citada por 63% dos CEOs como prioridade para os próximos 12 meses, pela capacidade de gerar ganhos imediatos de eficiência e lucratividade.
A inteligência artificial (IA) aparece na sequência, com destaque em uma pergunta específica do estudo sobre áreas de maior impacto esperado nos próximos três anos. Entre os usos mais citados, 56% dos líderes indicaram gestão de receita e precificação dinâmica como a principal aplicação transformadora, seguidos por manutenção preditiva e confiabilidade de aeronaves (53%) e atendimento ao cliente e recuperação de operações (47%).
Na experiência do cliente, a digitalização também é o foco central: 65% dos CEOs priorizam soluções digitais e móveis, seguidas por confiabilidade operacional (54%), melhorias no produto de bordo (44%), programas de fidelidade (41%) e atendimento personalizado (38%). A pesquisa reforça que a experiência do passageiro é construída pela soma de interações consistentes ao longo de toda a jornada, e não apenas por momentos pontuais — razão pela qual nenhuma iniciativa isolada domina de forma absoluta a agenda do setor.
Além disso, soluções de pedido aberto e nova capacidade de distribuição (NDC) aparecem como a terceira maior área de investimento, sinalizando um ponto de inflexão no setor: os CEOs não estão mais apenas aspirando a modernizar o varejo digital — eles estão financiando-o. Essa mudança deve transformar a forma como as companhias aéreas empacotam, personalizam e vendem seus produtos pelos canais digitais, alinhando-se às práticas modernas de varejo e otimizando a gestão de estoque e receita.
Pessoas e cultura como ativos estratégicos
Para além da tecnologia, a pesquisa mostra que desenvolvimento de liderança e sucessão (citado por cerca de 50% dos CEOs) e engajamento e bem-estar de funcionários (47%) são fatores considerados fundamentais para fortalecer a cultura organizacional e garantir estabilidade operacional. Esse recorte reforça a percepção de que um time alinhado e motivado é essencial para entregar desempenho consistente em um mercado desafiador.
Sustentabilidade com pragmatismo
Embora iniciativas ambientais não estejam entre as preocupações imediatas, 80% dos CEOs apontam o combustível de aviação sustentável como prioridade para atingir metas de sustentabilidade Em seguida, 63% priorizam a otimização do tempo de voo e do consumo de combustível, mostrando que a sustentabilidade está sendo alinhada à eficiência operacional. Compensações de carbono aparecem quase ao final da lista (13%), e investimentos em tecnologias de longo prazo, como propulsão elétrica ou captura de carbono, registram adesão ainda menor, apenas 10%.
O relatório Deloitte 2025 Airline CEO Survey foi conduzido entre abril e maio de 2025, com entrevistas confidenciais junto a 32 líderes de companhias aéreas do mundo todo, incluindo o Brasil. O levantamento abrangeu empresas de diferentes portes, receitas e modelos de operação, oferecendo um panorama abrangente sobre as estratégias que estão moldando o futuro da aviação.
Assessoria de imprensa
Jeffrey Group