Ir para o conteúdo principal

IFRS S1 – Uma oportunidade sustentável para todos

Por Corinne Braund e Jacques Voegeli, gerentes de ESG em Auditoria & Assurance da Deloitte Reino Unido
Receba nossos conteúdos

As duas primeiras normas do International Sustainability Standards Board (ISSB) sobre sustentabilidade e fatores climáticos foram publicadas recentemente e representam um marco na padronização global de informações sobre os temas de forma consistente, com alta qualidade e comparáveis, atendendo às necessidades dos mercados de capitais.

As empresas que já fornecem divulgações alinhadas aos padrões da Taskforce for Climate-related Financial Disclosures (TCFD) e do Sustainability Accounting Standards Board (SASB) provavelmente estão familiarizadas com os princípios de relatórios da IFRS S1 Requisitos Gerais para Divulgação de Informações Financeiras Relacionadas à Sustentabilidade (IFRS S1). Este artigo traz uma visão prática sobre como as organizações podem obter vantagem competitiva a partir da adequação aos novos padrões, além de reflexões sobre a interação entre a IFRS S1, os requisitos de relatórios já existentes e as lições aprendidas.

Entendendo o ISSB e a nova estrutura de relatórios

 

O ISSB atua ao lado do International Accounting Standards Board (IASB) e é responsável por desenvolver padrões globais de divulgações sobre sustentabilidade. As conexões entre ISSB e IASB são deliberadas e informativas.

A IFRS S1, publicada pelo ISSB, é consistente com os principais conceitos do Framework Conceitual do IASB e se baseia nas definições e requisitos da IAS 1 (Apresentação de Demonstrações Financeiras) e IAS 8 (Políticas Contábeis, Mudanças nas Estimativas Contábeis e Erros). Essa norma foi publicada simultaneamente à publicação IFRS S2 Divulgações Relacionadas ao Clima – esta também pretende desenvolver normas adicionais que abranjam outros temas de sustentabilidade, incluindo direitos humanos, saúde e segurança, diversidade e inclusão, biodiversidade etc. Confira o artigo específico sobre a IFRS S2.

Relevância da IFRS S1

 

A IFRS S1 foi projetada para ser aplicada a todos os tipos de organizações, independentemente do seu tamanho, localização ou setor. No entanto, existem mecanismos para permitir que as empresas divulguem suas informações proporcionalmente ao seu tamanho e circunstâncias – por exemplo, de acordo com sua exposição a riscos e oportunidades específicos sobre sustentabilidade.

Adoção da norma

 

Embora as novas normas entrem em vigor a partir de 1º de janeiro de 2024, cabe a cada jurisdição decidir o momento ideal para adoção e implementação. Em sua Estratégia de Finanças Verdes (Green Finance Strategy) de 2023, o governo do Reino Unido, por exemplo, declarou sua intenção de endosso dentro de 12 meses após a publicação das normas.

Observação: os padrões ISSB incorporam totalmente o framework do TCFD e, como resultado, podemos ver uma adoção voluntária antecipada por algumas empresas britânicas listadas em prêmios que já incluem as divulgações TCFD em suas demonstrações financeiras no próximo final de ano.

Conexões entre os relatórios

 

A intenção da IFRS S1 é fornecer para as empresas um requisito claro e inequívoco, possibilitando a divulgação de informações relevantes sobre os riscos e as oportunidades relacionadas à sustentabilidade que possam afetar suas perspectivas a curto, médio ou longo prazo.

A expectativa é que as divulgações de sustentabilidade sejam realizadas simultaneamente das demonstrações financeiras e cubram o mesmo período em ambas, possibilitando uma maior conectividade e consistência entre as informações dos dois relatórios. Esse conceito será familiar para os relatores de TCFD e divulgações financeiras relacionadas ao clima (CFD). No entanto, para aqueles que publicam o relatório de sustentabilidade de forma independente e em um momento diferente do relatório anual de demonstrações financeiras, notarão que as conexões e a concordância entre as informações podem representar uma mudança significativa.

Para uma visão geral da IFRS S2, produzimos um resumo que pode ser acessado neste link.

Por onde começar?

 

  1. Garanta clareza na governança: para muitas organizações, a responsabilidade pelas divulgações do TCFD abrange diversas funções, incluindo sustentabilidade, relações com investidores e finanças. No entanto, devido à ênfase na conexão entre as divulgações de sustentabilidade, as demonstrações financeiras e as especificidades dos requisitos de relatórios regulatórios, o envolvimento da função financeira tornou-se cada vez mais crítico. Consequentemente, a governança por meio da função financeira – ou por uma parceria entre finanças e demais funções envolvidas – é necessária para garantir os controles apropriados e o devido rigor sobre as informações de sustentabilidade. Muitas empresas já estão fazendo esse movimento.
  2. Determine o que é material: a chave para entender a escalabilidade dos requisitos de relatórios de cada empresa está na identificação dos riscos e oportunidades de sustentabilidade que são úteis para a decisão de quais informações incluir nos reportes. A IFRS S1 fornece algumas orientações sobre os grupos de usuários e considerações na determinação de informações relevantes. Ainda assim, devido à importância de identificar lacunas de forma antecipada e desenvolver programas de trabalho, pode ser benéfico obter apoio externo.
  3. Avalie a competência e a capacidade: uma vez identificados os riscos e as oportunidades de sustentabilidade que são úteis para as decisões e suas informações relevantes, as empresas devem avaliar se possuem a competência e a capacidade adequadas para atender aos requisitos dos relatórios. Quaisquer lacunas existentes provavelmente levarão tempo para serem endereçadas, independentemente da adoção de uma abordagem interna ou terceirizada. Realizar uma análise significativa sobre o cenário leva tempo, e o esforço necessário pode ser subestimado, assim como o desafio em alinhar os cronogramas dos relatórios.
  4. Avalie os requisitos de dados: Para muitas empresas será necessário a obtenção de dados mais extensos, especialmente se forem identificados tópicos adicionais sobre sustentabilidade que são úteis para as tomadas de decisão. Isso não é algo que pode ser adicionado à carga de trabalho de uma equipe e exigirá capacidade adicional e, provavelmente, conjuntos de habilidades diferentes.

No geral, as novas normas do ISSB representam a maior mudança em décadas nos relatórios corporativos e devem permitir que as empresas relatem de forma abrangente sobre os riscos e as oportunidades de sustentabilidade que podem afetar suas perspectivas ao longo do tempo.

Para aproveitar melhor a consistência, a qualidade e a comparabilidade que a estrutura IFRS S1 oferece, as empresas devem se antecipar no planejamento em relação ao tempo de coleta dos dados e a capacitação necessária de seus times.

Did you find this useful?

Thanks for your feedback

Se você quiser ajudar a melhorar ainda mais o Deloitte.com, preencha o formulário Pesquisa de 3 minutos