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IA e declínio da gestão tradicional estão transformando o mundo do trabalho, que também busca conciliar resultados financeiros e bem-estar, aponta estudo da Deloitte

  • Práticas de sustentabilidade humana e foco no potencial das equipes são determinantes para retenção de profissionais e crescimento organizacional, aponta estudo Global Human Capital Trends 2025;
  • No Brasil, empresas ainda estão em processo evolutivo na integração da sustentabilidade humana como estratégia central de negócios;
  • Empresas enfrentam o desafio de equilibrar estabilidade, agilidade e uso estratégico da IA para liberar tempo e potencial das equipes.

O mundo do trabalho atravessa uma transformação, marcada pela ascensão da inteligência artificial, pelo desgaste de modelos tradicionais de gestão e pela crescente urgência em equilibrar desempenho financeiro e bem-estar humano. É o que aponta a nova edição do estudo Global Human Capital Trends 2025 da Deloitte – organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo –, considerado a principal pesquisa global sobre o futuro do trabalho, que reúne insights de líderes empresariais e profissionais em diferentes setores e países.

O relatório aponta que empresas em todo o mundo enfrentam dilemas cada vez mais complexos. Como proporcionar estabilidade aos colaboradores sem comprometer a agilidade essencial para responder às dinâmicas do mercado? Como incorporar a inteligência artificial de modo a ampliar capacidades sem fragilizar a confiança e o engajamento das equipes? Soma-se a isso o desafio de fomentar a inovação quando, em média, 41% do tempo de trabalho é consumido por tarefas que pouco agregam valor real. Esses elementos revelam que, para grande parte das organizações, a adaptação às exigências do novo cenário do trabalho permanece em estágio inicial, exigindo reflexão e ação estratégica contínua.

Impacto da sustentabilidade humana nos negócios

Ainda segundo a pesquisa, no Brasil as empresas estão em processo evolutivo na integração da sustentabilidade humana – capacidade de criar valor para todas as pessoas conectadas à empresa – como estratégia central de negócios. A maioria permanece estagnada em práticas que reforçam resultados imediatos, em detrimento de iniciativas voltadas a empregabilidade, saúde mental, propósito e motivação individual.

“Equilibrar metas de negócios e resultados humanos é um dos grandes desafios desta década. Muitas empresas ainda supervalorizam ganhos de curto prazo, mas os dados mostram que investir no bem-estar e no desenvolvimento das pessoas gera retornos financeiros mais sólidos e sustentáveis. O futuro do trabalho não é sobre escolher entre pessoas ou lucros. É sobre entender que o potencial humano fortalecido é o motor mais confiável para impulsionar inovação, crescimento e resiliência organizacional” afirma Ana Mocny, sócia de Soluções de Capital Humano da Deloitte.

O estudo também evidencia que práticas maduras de sustentabilidade humana trazem retornos concretos. Organizações que priorizam esse pilar apresentaram 2,2% a mais de retorno sobre o patrimônio líquido em cinco anos, emitiram 50% menos CO₂ por dólar de receita e têm mais que o dobro de probabilidade de pagar salários dignos que sustentem famílias. Além disso, conseguem atrair e reter talentos com mais facilidade, criar ambientes de trabalho com propósito e estimular a inovação.

O desafio da stagility (equilíbrio entre estabilidade e agilidade)

O levantamento global revela que 72% das empresas reconhecem a importância de equilibrar estabilidade e agilidade, mas apenas 39% têm ações efetivas nesse sentido. Com a adoção acelerada da IA, revisar a proposta de valor ao colaborador (Employee Value Proposition) torna-se essencial para preservar engajamento e evitar impactos silenciosos na experiência de trabalho.

Dentro desse recorte, mais de dois terços dos entrevistados (67%) reconhecem que customizar a experiência dos trabalhadores de acordo com suas habilidades, comportamentos e estilos é importante para influenciar o comportamento no trabalho. Apesar disso, muitas organizações ainda recorrem a segmentações superficiais, que não refletem as reais aspirações dos colaboradores. Surge daí a necessidade da chamada “hiperpersonalização”. Nesse conceito, mais da metade (55%) dos líderes ouvidos na pesquisa afirmam que é fundamental o uso de novas tecnologias para personalizar a gestão de acordo com as motivações individuais, mas apenas 5% das empresas estão na dianteira nessa área, enquanto 17% desenvolvem esforços iniciais.

Caminhos recomendados pelo estudo

De acordo com o relatório, avançar neste longo processo requer cocriar o redesenho do trabalho em parceria com os colaboradores, garantindo senso de pertencimento e adaptabilidade; personalizar incentivos e práticas de gestão de acordo com as motivações individuais; usar a tecnologia para gerar valor tanto para a organização quanto para o trabalhador; e adotar métricas que considerem não apenas produtividade (outputs), mas também impacto humano e social (outcomes).

O estudo também aponta que, empresas que aumentam a capacidade dos trabalhadores para crescer pessoalmente, usar a imaginação e pensar de forma profunda são quase duas vezes mais propensas a reportar melhores resultados financeiros e a oferecer trabalho significativo.

“Os dados globais reforçam que investir em pessoas não é apenas um diferencial competitivo, mas um caminho comprovado para gerar inovação, engajamento e resultados sustentáveis. À medida que o Brasil avança nesse processo evolutivo, as empresas que conseguirem alinhar tecnologia, propósito e potencial humano estarão mais preparadas para prosperar em um cenário de transformações rápidas e constantes”, conclui Ana.

A pesquisa Deloitte Global Human Capital Trends 2025 ouviu quase 10 mil líderes de negócios e RH em 93 países, entre eles o Brasil, além de realizar levantamentos específicos com trabalhadores, gestores e executivos, e mais de 25 entrevistas em profundidade com lideranças de organizações globais.

Assessoria de imprensa

Jeffrey Group

deloitte@jeffreygroup.com