Há alguns anos, ver uma empresa investir significativamente em equidade racial no mercado de trabalho poderia ser exceção. Com a crescente exigência da sociedade por posicionamentos genuínos das empresas com relação a questões sociais, esse cenário tem mudado gradativamente.
O incômodo existe, e está sendo exacerbado principalmente pelas gerações mais jovens. A edição 2021 da pesquisa global da Deloitte “Millennial & Gen Z Survey” indica que mais de 30% dos Millennials da Geração Z acreditam que o racismo sistêmico é generalizado e uma questão que precisa ser trabalhada pela sociedade.
Outro relatório recente da Deloitte, o “Global Marketing Trends 2022”, mostra que a geração mais nova está atenta a marcas que expressem diversidade, equidade e inclusão em seus anúncios. No entanto, é preciso que essa representação seja autêntica – e esteja presente não só nas ações de comunicação externa, mas se reflita na cultura interna das organizações.
Ter a equidade racial como princípio norteador das estratégias nas organizações não é benéfico apenas para a percepção dos consumidores no mercado: é também o que cria valor para os negócios e para todos os sistemas a eles conectados, como a sociedade, a cultura e a economia.
A desigualdade racial nas organizações é um problema sistêmico que pede uma resposta sistêmica. Para se ter uma ideia, no Brasil, existem apenas 4,7% de pessoas negras em posições executivas, contra 94,2% de brancos, de acordo com um levantamento da BBC. Além disso, um estudo da FGV Social revela que indígenas, de todos os grupos, foram os mais afetados pelos impactos da pandemia no mercado de trabalho, perdendo 28,6% de sua renda.
É importante ter uma visão completa do contexto em que a organização está inserida, pois as ações ou inações das empresas se refletem nos stakeholders a elas conectados.
Quando não entendemos a interrelação desses fatores, as soluções propostas muitas vezes podem causar mais desafios. A diversidade de perspectivas tem um papel essencial para mitigar possíveis impactos.
Existe uma troca de valor entre esses atores, e o sucesso em longo prazo de qualquer empresa depende de sua capacidade de adaptação a esses cenários. Ter ciência disso permite que as organizações identifiquem, planejem e abordem os impactos de curto e longo prazo da desigualdade em todos as suas esferas de influência, e incorporem práticas equitativas para apoiar a saúde do negócio.
Esse movimento traz inúmeros benefícios potenciais para as organizações, como mais inovação nas equipes, e melhor relacionamento com clientes, acionistas e profissionais – pontos que impactam diretamente a sustentabilidade das empresas.
Nesse sentido, como as lideranças executivas podem agir para incorporar a equidade racial em todo seu sistema organizacional?
Para iniciar a mudança, as empresas precisam ir além de iniciativas isoladas. É preciso fazer a cultura de equidade ressoar por toda a cadeia de valor da organização, tendo uma visão do todo para entregar resultados não só aos acionistas, mas também aos clientes, aos profissionais e à sociedade como um todo.
Entre as ações iniciais que podem ser promovidas estão:
Todos têm a responsabilidade e a oportunidade de fazer a diferença em curto e e longo prazos. Uma mentalidade focada em equidade vai além de uma lista de ações a serem tomadas, é preciso comprometimento constante e consistente, mesmo quando for desconfortável.