Por Edson Cedraz*
A relevância do Nordeste para a economia brasileira e para o fomento à inovação tem se intensificado de forma notável. Exemplos concretos dessa tendência são os investimentos de R$ 2,5 bilhões anunciados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para a região – em parceria com as regiões Norte e Centro-Oeste – além da abertura de uma chamada pública com orçamento de R$ 10 bilhões destinada à seleção de planos de negócios voltados ao desenvolvimento local, iniciativa anunciada pelo governo federal.
Além disso, em 2024, pela primeira vez o Nordeste apareceu como a segunda maior região em número de startups no país, com quase 24% do total, de acordo com relatório do Observatório Sebrae Startups.
É esse cenário que tem atraído, cada vez mais, diversas empresas a se estabelecerem na região e colaborarem de forma proativa no fortalecimento de cadeias produtivas, desenvolvimento de soluções tecnológicas e geração de empregos qualificados. Com um ambiente propício à inovação aberta, o Nordeste se destaca não só pela concentração de empresas e startups, mas por um ecossistema robusto composto por universidades, centros de pesquisa, programas de formação profissional e parcerias com o setor público.
Essa tendência também se reflete nas estratégias adotadas pelo empresariado local. Em 2024, levantamento realizado pela Deloitte já apontava que organizações do Nordeste direcionam recursos não apenas à infraestrutura de TI, mas também à formação e capacitação contínua de profissionais em áreas tecnológicas. Cerca de 44% das empresas participantes da região declararam utilizar Inteligência Artificial (IA) em algum de seus processos, produtos ou serviços — sobretudo em rotinas administrativas, apoio à tomada de decisões e atendimento ao cliente. Além disso, 86% dos respondentes sinalizaram expandir o uso da IA para novas frentes, como análise avançada de dados e automação de tarefas administrativas.
Esse conjunto de elementos tem transformado o Nordeste em uma escolha cada vez mais estratégica e atrativa para empresas que buscam expandir suas operações. Um exemplo disso é o Porto Digital, no Recife. Com cerca de 17 mil profissionais distribuídos em mais de 350 empresas, é hoje um dos maiores polos de tecnologia do país. De acordo com dados do próprio parque tecnológico, a atividade das empresas instaladas no local movimenta aproximadamente R$ 3,9 bilhões por ano, contribuindo para o desenvolvimento da economia local e para a consolidação da capital pernambucana como referência em inovação no Brasil.
A Deloitte faz parte desse grupo de empresas e, apenas um ano após inaugurar seu centro de tecnologia no Porto Digital, ampliou sua operação local com um crescimento de 50% no número de profissionais — de cerca de 400 para 600 pessoas. O aumento da equipe demandou a ampliação do espaço físico da unidade, que passou a ocupar dois andares do Moinho Recife. A estrutura abriga atualmente o segundo centro de tecnologia da empresa no Brasil e o primeiro na região Nordeste.
O principal foco da operação tem sido a oferta de serviços tecnológicos, abrangendo desde o desenvolvimento e manutenção de sistemas até a gestão e integração de dados, automação de processos e integração de plataformas. Entre as atividades realizadas destacam-se o desenvolvimento em diversas linguagens, como SAP, JAVA e .NET, além da execução de testes manuais e automatizados, configuração de sistemas e projetos envolvendo ciência, visualização e migração de dados.
Além disso, o escritório disponibiliza uma gama de serviços administrativos especializados, abrangendo rotinas contábeis, fiscais, financeiras, de folha de pagamento e de compras. Essas soluções integram a oferta global de Business Process Solutions (BPS) da Deloitte, que se destaca pela gestão eficiente de processos de negócios por meio do uso estratégico de tecnologia e análise de dados.
A expansão da operação no Recife acompanha o movimento mais amplo de empresas de diferentes setores que têm encontrado na região Nordeste, de modo geral, um ambiente em evolução, impulsionado pela disponibilidade de mão de obra qualificada, pelo ambiente de inovação do Porto Digital e pela demanda crescente por serviços digitais. a região converte oportunidades de negócios em soluções robustas, flexíveis e alinhadas às necessidades do mercado, partindo do Nordeste para impulsionar a transformação digital de clientes em todo o Brasil.
*Edson Cedraz, sócio-líder dos escritórios da Deloitte na região Nordeste e em Brasília.