Pular para o conteúdo principal

Mudanças climáticas vão ao centro das estratégias de grandes empresas, aponta pesquisa global da Deloitte

  • Dentre os entrevistados, 45% tanto dos CxOs globais como do Brasil afirmam que estão transformando o modelo de negócios para mitigar impactos dos eventos extremos e tornar os resultados mais perenes;
  • Organizações brasileiras relatam maior pressão de stakeholders por soluções de sustentabilidade, na comparação com a média global – 8 em cada dez apontam maior pressão vinda dos consumidores e mais da metade vêm o mesmo efeito em relação à pressão dos acionistas.

As mudanças climáticas ascenderam ao centro das estratégias de grandes organizações empresariais em todo o mundo, aponta o Deloitte 2024 CxO Sustainability Report. Dentre os entrevistados, 45% tanto das lideranças globais como do Brasil afirmam que estão transformando o modelo de negócios para mitigar impactos dos eventos extremos e tornar os resultados mais perenes.

Os impactos dos eventos extremos – tais como secas, incêndios e enchentes - geram preocupações para o negócio segundo 39% dos executivos entrevistados no levantamento global, superando atualmente incômodos com incertezas dos cenários políticos, as adversidades da cadeia de abastecimento e a competição pela atração e retenção de talentos.

Nesta 3ª. edição da pesquisa, dentre os 2,1 mil líderes de organizações empresariais consultados de 21 países, entre maio e junho deste ano, cerca de 85% relatam aumento de investimentos das empresas nas quais trabalham em sustentabilidade. No ano passado, 75% destacaram tal iniciativa. Sete em cada dez deles preveem efeitos do clima nos negócios ao longo dos próximos três anos.

“O contexto climático está levando as empresas a perceberem o potencial comercial da mudança para uma economia de baixas emissões. Mais CxOs estão citando a sustentabilidade como um impulsionador de novos produtos, modelos de negócios e criação de valor em geral, em vez de um exercício de conformidade ou construção de marca. Trata-se do melhor caminho para o futuro”, frisa Maria Emilia Peres, sócia da Deloitte Brasil para Estratégia em Sustentabilidade e Inovação.

Segundo a pesquisa, 92% dos CxOs acreditam que a empresa na qual trabalham pode crescer ao mesmo tempo que reduz as emissões de gases com efeito de estufa. Do total, 90% afirmam que o mundo pode alcançar o crescimento econômico ao mesmo tempo que atinge os objetivos em matéria de alterações climáticas.

“Embora a necessidade de investimento em inovação e tecnologia possa ser vista como prioridade concorrente à ação climática, na realidade, ela é motor crucial dos esforços de sustentabilidade, permitindo às empresas desenvolver soluções que mostrem o potencial para novos produtos e serviços que oferecem benefícios ambientais e empresariais”, afirma Maria Emilia. 

Entre as organizações líderes respondentes, 85% estão desenvolvendo novos produtos ou serviços ecológicos, enfatizando a ligação entre inovação e ação climática. Dentre todos os entrevistados, 50% informam que já começaram a implementar soluções tecnológicas para ajudar a alcançar metas climáticas ou ambientais em suas empresas. Cerca de 42% esperam realizar este trabalho nos próximos dois anos. Mais de metade dos CxOs entrevistados dizem que já utilizam a tecnologia para desenvolver produtos e serviços mais sustentáveis.

Pressão maior no Brasil

No Brasil, 125 líderes foram entrevistados e as alterações climáticas estão entre as principais preocupações para os negócios para 31% dos respondentes. As lideranças de empresas brasileiras entrevistadas afirmam estar aumentando os investimentos em sustentabilidade, com 78% relatando ligeiro aumento no último ano, em comparação com os 69% informados globalmente. 

A maioria dos CxOs brasileiros expressa preocupação com as mudanças climáticas, com 83% relatando que se sentem preocupados o tempo todo ou a maior parte do tempo. O índice é superior à média global de 76%.

“O Brasil precisa de políticas públicas mais adequadas, capazes de incentivar a mobilização dos diversos setores produtivos e organizados da sociedade, elevando o status da economia mais sustentável em termos de resultados financeiros e responsável em relação ao clima do planeta. Através da liderança presente, da instituição de leis e regulamentos ambientais abrangentes, do monitoramento e mensuração da eficácia das ações, nós podemos avançar”, explica Guilherme Lockamnn. sócio-líder da Deloitte para Sustentabilidade e o segmento de Power, Utilities e Renewables.

Cerca de 58% acreditam em impactos do clima nos negócios nos quais trabalham nos próximos três anos. Mais de 50% dos executivos entrevistados creem em maior efeito de regulamentações destinadas a reduzir as emissões de carbono, pressão dos acionistas por ações a favor da sustentabilidade do planeta e do bem-estar dos funcionários. Todos estes pontos estão com percentuais acima do identificado globalmente.

Os executivos brasileiros relatam que estão enfrentando uma pressão significativa de diversas partes interessadas para tomar medidas em relação às mudanças climáticas. Essa pressão é particularmente notável por parte dos consumidores e clientes, com 82% dos executivos brasileiros indicando pressão moderada a grande, em comparação com 58% globalmente. 

A pressão no Brasil abrange muitos grupos de partes interessadas, incluindo concorrentes, acionistas, funcionários, membros do conselho, sociedade civil e reguladores. “Essa pressão generalizada destaca a demanda coletiva por ação climática no ambiente de negócios brasileiro, sugerindo um impulso robusto em direção à sustentabilidade em todas as frentes”, avalia Maria Emilia.

A falta de uma função ou executivo específico responsável por liderar os esforços de sustentabilidade ambiental é outra barreira notável, com 21% das organizações brasileiras identificando isso como um problema, em comparação com 15% globalmente. 

“As lideranças empresariais brasileiras estão mais confrontadas com o propósito ambiental, uma clara demanda das novas gerações, encampadas pela sociedade como um todo. Há uma mobilização quanto à conscientização e necessidade de maior atitude. A pesquisa Deloitte confirma a importância de as empresas terem executivos em posição de liderança mais dedicados à sustentabilidade”, comenta Maria Emilia.

Cerca de 56% das lideranças de empresas brasileiras entrevistadas sofreram com graves inundações ou aumento do nível do mar, e 46% enfrentaram secas graves ou escassez de água, taxas superiores às médias globais. “Essa experiência direta com eventos climáticos provavelmente contribui para a maior preocupação e urgência observada entre os CxOs brasileiros”, cita Lockmann.

Ainda assim, os executivos brasileiros estão otimistas, com 94% acreditando que o mundo tomará medidas suficientes para evitar os piores impactos das mudanças climáticas, praticamente o mesmo percentual global (92%). 

HK Strategies Brasil
Assessoria de imprensa
+55 (11) 4873-7632
deloitte@hillandknowlton.com