A 19.ª edição do estudo Banca em Análise revela importantes desenvolvimentos no sector bancário angolano em 2024, destacando-se o facto de alguns dos principais agregados terem revelado um crescimento moderado, com o total dos activos do sector a crescer 3,3% e os depósitos captados, cerca de 1,8%.
O Estudo indica que, em 2024, o peso do crédito líquido a clientes continuou a aumentar na estrutura global de activos tendo registado um crescimento de dois pontos percentuais, em comparação a 2023, passando de 22% para 24%, como resultado das políticas para estímulo da concessão de crédito orientadas pelo Executivo e pelo Banco Nacional de Angola, para a diversificação económica.
Os títulos e valores mobiliários continuam a liderar como a tipologia de activo com maior peso na estrutura de Activos do sector bancário, com um peso de 32% (-3% que em 2023), em virtude da diminuição da exposição do sector bancário nacional à divida pública, embora o nível continue elevado.
Os resultados líquidos no sector bancário tiveram um crescimento expressivo de 59%, totalizando 822 mil milhões de kwanzas, em linha com o crescimento verificado em 2023. Esta variação é explicada pelo crescimento na margem financeira (+25%) e dos resultados cambiais (+65%) com uma variação absoluta de 129 mil milhões de kwanzas face a 2023, resultante do aumento dos proveitos associados a transacções em moeda estrangeira, nomeadamente, operações cambiais sobre o estrangeiro e venda de divisas. Além disso, os rendimentos de serviços e comissões cobrados pelos Bancos apresentaram um crescimento de 41%. Importa destacar igualmente a redução significativa dos prejuízos do Banco Económico para cerca de 3 mil milhões de kwanzas em 2024, quando em 2023 tinha apresentado um prejuízo de 297 mil milhões de kwanzas. Caso o Banco Económico fosse excluído desta análise, o crescimento dos resultados líquidos do sector era de apenas 1,2%.
Na edição deste ano, os responsáveis das principais instituições financeiras e das entidades de maior relevo para o sector bancário partilharam a sua visão sobre o ano de 2024 e 2025, abordando as suas expectativas para o futuro do sistema financeiro nacional. em particular quanto à inclusão financeira e utilização de novas tecnologias, como a inteligência artificial. Adicionalmente, na edição deste ano, foi efectuado um breve survey aos responsáveis dos Bancos a operar em Angola, com o objectivo de aferir a sua percepção sobre a qualidade dos dados na banca em Angola.
Como principais resultados deste survey temos a totalidade dos líderes dos Bancos que responderam a considerar que atribuem um nível alto de prioridade à temática da qualidade de dados no seu banco e que apenas 25% consideram que da auto-avaliação efectuada relativamente à qualidade dos dados do seu Banco considere que “Carece de pequenas melhorias”, com 75% dos responsáveis a referir que “Carece de algumas melhorias” ou “Carece de melhorias significativas”, o que revela o longo percurso que é necessário efectuar nesta temática. As principais causas apontadas para eventuais problemas de qualidade de dados existentes nos bancos que lideram, foram: (i) a falta de integração dos sistemas de IT, (ii) a excessiva dependência de procedimentos manuais e (iii) a falta de informação de base de clientes (BI, NIF, morada, entre outros).
Notas:
(1) O presente Estudo inclui a informação financeira auditada em base individual dos Bancos a operar em Angola durante o ano de 2024, com excepção do Access Bank e do VTB, para os quais foram utilizados os Balancetes trimestrais do 4.ª Trimestre (não auditados) de 2024 (e de 2023 no caso do VTB), no caso do Banco Económico e de 2023 no caso do VTB África, uma vez que até à data de publicação do Estudo não foram publicados os respectivos Relatórios e Contas.