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Integração da cadeia de construção é desafio para a incorporação de agilidade, inovação, qualidade e sustentabilidade aos projetos, revela estudo da Deloitte

  • Maior parcela das empresas do setor adota métodos, ferramentas ou parâmetros para medir ganhos de eficiência ou produtividade apenas em projetos prioritários;
  •  Empresas trocam ideias, informações e desafios com fornecedores, terceiros e parceiros, mas maior parte dessas interações se dá com parte do ecossistema, e não com todos os envolvidos;
  • Além das limitações no orçamento destinado à tecnologia e inovação, segmento enfrenta desafios na definição da estratégia que norteará a sua transformação tecnológica;
  • Construção, infraestrutura e indústria de base devem investir R$ 2,7 trilhões até 2030.
     

As empresas da indústria da construção precisam integrar a cadeia para a incorporar agilidade, inovação, qualidade e sustentabilidade aos projetos e obras. Esse é um dos principais desafios do setor, revela o estudo “Produtividade e oportunidades para a cadeia da construção”, realizado pela Deloitte, maior organização de serviços profissionais do mundo, com apoio de diversas organizações do setor. O relatório apresenta um extenso levantamento de mercado com base em uma pesquisa inédita com 144 empresas e em análises de dados estatísticos e de grandes tendências para o setor.

Segundo o estudo, a cadeia da construção tem cerca de 23 mil empresas, que geraram receitas líquidas de R$ 2,31 trilhões e empregaram mais de 3,6 milhões de pessoas em 2021. O relatório ainda estima que entre 2021 e 2030 os segmentos da construção, infraestrutura e indústria de base devem investir R$ 2,7 trilhões.

“Esse estudo, inédito no Brasil, faz uma importante contribuição ao mostrar que ser produtivo nesse setor, no ambiente digital e regulatório atual, é mais do que fazer mais com menos. É ativar a cadeia de modo inteligente, em uma relação sinérgica com uma rede de provedores que irão agregar agilidade, inovação, qualidade e sustentabilidade aos projetos”, afirma Eduardo Raffaini, sócio-líder de Infrastructure & Capital Projects da Deloitte.

De acordo com a pesquisa conduzida com empresas de construção, a maior parte adota parcialmente métodos, ferramentas ou parâmetros para medir ganhos de eficiência ou produtividade em seus projetos e atividades setoriais. As empresas da Indústria de base e de Construção e incorporação são as que mais mensuram os ganhos de eficiência e produtividade obtidos com investimento em novas tecnologias. Já o setor de Serviços relacionados é o que menos adota essa prática, indicando mais um desafio dessas empresas em tangibilizar o impacto de diferentes fatores sobre a produtividade.

A imprevisibilidade de custos, o atraso de fornecedores e a escassez de material são os principais desafios das empresas da construção para a elaboração de projeto ou obra. No campo da execução, a eficiência da mão de obra é o maior desafio para quatro dos cinco setores pesquisados (construção e incorporação, serviços relacionados, comércio e indústria de materiais de construção). Lidar com erros de execução e retrabalho também foi citado por essas empresas, corroborando a percepção sobre uma lacuna na formação e na qualificação dos profissionais do setor para lidar com os desafios de uma operação cada dia mais digitalizada.

O aumento de custos é o principal impacto sobre o orçamento identificado pelas empresas de todos os setores da cadeia de construção pesquisadas. Esse item é especialmente crítico para as empresas que atuam em construção e incorporação, que estão na ponta do processo e acabam por absorver todo o aumento de custo da cadeia, e também para o setor de comércio de materiais de construção, sensível ao incremento dos custos em matérias-primas e insumos. 

Desafios para integração da cadeia suprimentos 

A pesquisa também investigou os desafios em relação a cadeia de suprimentos por segmento. No setor de Construção e incorporação, o maior desafio é a garantia e a maturidade de gestão dos fornecedores. Para as empresas de Serviços relacionados a construção, tecnologia e consultoria, são as mudanças no projeto ou plano iniciais que provocam retrabalho e têm impacto sobre a gestão da mão de obra e sobre os custos e prazos. Nos setores de Comércio de materiais de construção e Fornecedores de insumos para construção o maior entrave para a cadeia de suprimentos é a contratação de mão de obra qualificada. Já na Indústria de base é procura por novos parceiros, tanto fornecedores como de clientes. 

Entre as empresas do setor de Construção e incorporação, todas realizam trocas de ideias, informações e desafios com fornecedores, terceiros ou parceiros com objetivo de ganhar eficiência em projeto e processos. Já no setor de Serviços relacionados, quase um quarto não conduz essas inciativas, sendo o segmento de menor interação com o ecossistema. Em comum a todos os setores pesquisados está o fato de que a maior parte dessas interações se dá com parte do ecossistema, e não com todos os terceiros envolvidos.

Nesse ecossistema, o estudo destaca a participação das startups, que ajudam essas empresas da cadeia de construção a se incorporarem a um ecossistema mais abrangente, como as construtechs e as fintechs. O alto indicador de startups que trabalham em parceria com as empresas dessa cadeia mostra que há uma gama de diversidade e oportunidades a serem exploradas.

Avanço tecnológico esbarra em orçamento e falta de estratégia para implantação e habilidades digitais

Embora cientes da necessidade de investimento em tecnologia para ganho de produtividade, a maior parte das organizações pesquisadas investem, no máximo, 3% de sua receita líquida em tecnologia, e preveem aumentar esses investimentos em menos de 10% no biênio 2022-2023.

Os desafios para a ampliação do uso da tecnologia na construção são diversos. Para empresas dos setores de serviços, comércio e indústria relacionados à construção, o principal é o alto custo de manutenção. Já as organizações que atuam no ramo de construção e incorporação lidam com a falta de uma estratégia coordenada para implantação de novas tecnologias, seguido pela falta de definição sobre qual tecnologia adotar. Ou seja, mais do que orçamento, esse setor enfrenta desafios no desenho das diretrizes que nortearão a sua transformação tecnológica.

Nos setores de Construção e incorporação e de Serviços relacionados a construção, tecnologia e consultoria, o principal foco dos investimentos em tecnologia é a gestão de projetos e cronogramas. Já entre as empresas dos setores de Comércio de materiais de construção, Fornecedores de insumos para construção e Indústria de base, as tecnologias são aplicadas principalmente na própria atividade produtiva e na execução de serviços. 

Com exceção do setor de serviços, que está mais avançado em termos de escolaridade e formação dos profissionais, todos os demais apresentaram a falta de habilidades digitais e treinamentos nessa frente como um desafio importante. Esse tema é ainda mais delicado para as empresas dos segmentos industriais. Contudo, é possível verificar um esforço do setor para responder de maneira estruturada aos desafios da digitalização ao longo da jornada de transformação.

“A transformação digital das operações permite a melhor gestão na busca constante de eficiência e melhora a previsão e a mitigação dos riscos a partir da etapa de planejamento de um novo projeto. Além disso, a tecnologia será fundamental para a coleta, análise e gestão correta dos indicadores de produtividade”, observa Eduardo Raffaini, sócio-líder de Infrastructure & Capital Projects da Deloitte.

Construção, infraestrutura e indústria de base devem investir R$ 2,7 trilhões até 2030

O estudo ainda mostra o potencial da cadeia ao estimar que, entre 2021 e 2030, os setores de construção, infraestrutura e indústria de base devem realizar, ao todo, investimentos de R$ 2,7 trilhões. Desse montante, 58% devem ser aplicados pelos segmentos relacionados à infraestrutura, impulsionado pela aprovação dos marcos legais relacionados às suas atividades. Em seguida vem a indústria de base (30,7%) e o setor de construção (11,8%). Essa estimativa foi realizada com base em um levantamento de anúncios e previsões de investimentos a serem realizados.

Menos da metade das empresas da construção esperam aumento maior do que 10% nas vendas em 2022

Em um cenário econômico incerto, menos da metade das empresas da cadeia de construção pesquisadas esperam registrar um aumento maior do que 10% em suas vendas em 2022. A situação é mais delicada para o setor de Indústria de base, no qual apenas 15% esperam ver um aumento de mais de 10% na receita, seguido por Serviços relacionados a construção, tecnologia e consultoria (39%), Comércio de materiais de construção (42%) e Fornecedores de insumos para a construção (48%). Já no segmento de Construção e incorporação, 64% das empresas esperam vendas acima de 10% este ano. 

Metodologia

O estudo ”Produtividade e oportunidades na cadeia de construção” apresenta um extenso levantamento de mercado com base em uma pesquisa inédita com 144 empresas e em análises de dados estatísticos e de grandes tendências para o setor. Participaram da pesquisa primária empresas dos ramos de construção/incorporação, serviços relacionados à construção, tecnologia e consultoria (aluguel de máquinas, execução de obra, engenharia e arquitetura); comércio de materiais de construção; fornecedores de insumos para a construção e indústria de base de todas as regiões do País. As respostas foram coletadas entre outubro e novembro de 2021. A maioria dos respondentes (95%) tinha cargos executivos e atuavam em empresas familiares (62%) e com faturamento menor do que R$ 100 milhões (57%) naquele ano. 

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