Com os avanços da tecnologia e sua guinada impulsionada pela pandemia, a implementação do 5G se torna cada vez mais próxima da realidade. Consequentemente, as empresas estão se voltando ainda mais para a conectividade sem fio de última geração, para manter funcionários, máquinas e clientes conectados em todo o mundo. A Deloitte, maior organização de serviços profissionais do mundo, para obter uma perspectiva global sobre a adoção dessas soluções e avaliar as atitudes durante e após a crise, entrevistou executivos de nove países, incluindo o Brasil, que representam empresas que planejam aderir ao 5G e/ou Wi-Fi 6 nos próximos anos. A pesquisa mostra que as empresas brasileiras possuem um alto nível de maturidade no que tange essas tecnologias, mas ainda há um grande desafio em como implementá-las no dia a dia.
A pesquisa inédita "Empoderamento do cliente no novo cenário de Telecom: Os impactos da adoção de 5G e Wi-Fi 6 nas empresas brasileiras” mostrou que a crise da Covid-19 estimulou as organizações a acelerarem o investimento em redes sem fio para melhor lidar com as interrupções atuais e futuras, bem como a criação de novas soluções e ofertas. E ao oferecer melhorias significativas de desempenho – velocidades mais rápidas, maior cobertura, menor latência (tempo que um dispositivo leva para enviar dados para outro dispositivo), maior densidade do dispositivo e detecção de localização precisa –, essas novas tecnologias sem fio irão possibilitar soluções inovadoras, como veículos autônomos, automação de precisão e robótica, telemedicina, experiências mais envolventes no varejo e entretenimento e realidade aumentada no local de trabalho.
Tecnologia sem fio avançada virou o foco das empresas
A conectividade sem fio avançada está rapidamente ganhando espaço em importância estratégica dentro das empresas brasileiras. O 5G e o Wi-Fi 6 são vistos como as mais críticas tecnologias de redes de dados sem fio para os negócios de hoje, o que, há pouco tempo, se resumia nas redes cabeadas. Os executivos brasileiros são particularmente bem informados sobre essas tecnologias e já estão se preparando para a mudança: nove em cada dez acreditam que tecnologias de conexão sem fio avançadas são muito importantes para o sucesso de seus negócios. Dos respondentes da pesquisa, 92% afirmaram possuir um alto nível de compreensão do 5G, 82% de compreensão sobre o Wi-Fi 6 e 78% responderam compreender consideravelmente as tecnologias de máquinas (NB-IoT e LPWA).
“A indústria fez um bom trabalho na divulgação das tecnologias sem fio avançadas no Brasil. Há aproximadamente quatro anos, quando começava a se falar de 5G no mundo, aqui já se divulgava o LPWAN [Low-Power Wide-Area Network - rede de longa distância de telecomunicação sem fio projetada para permitir comunicações de longo alcance], com o intuito de favorecer as empresas futuramente, em termos de conhecimento, no momento da chegada do 5G. Hoje, o uso dessa tecnologia, usada em máquinas, já é praticado no país e pode-se considerar um ponto forte.”, aponta Marcia Ogawa, Sócia-líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da Deloitte.
Aumento da rotatividade de fornecedores
As empresas que adotam tecnologia de conectividade sem fio avançada afirmam desejar reconsiderar os provedores que usam (50%). Segundo a pesquisa, em média, essas organizações interagem com oito tipos de fornecedores – e comumente com diversos em cada especialidade. Cerca de 76% afirmam ter o desejo de explorar novos provedores de infraestrutura e de nuvem e 75% novas operadoras de celulares. Esse é considerado um dos pontos de atenção da pesquisa; se por um lado existe uma ameaça, por outro, as operadoras poderão focar em ampliar a oferta de outros serviços.
Olhar aberto para novos investimentos em tecnologia
O que antes, no início de 2020, parecia algo de tempo determinado e de planejamentos a muito curto prazo, hoje é uma realidade e os planos mais seguros voltam ser delineados com foco no médio e até longo prazo. As empresas brasileiras respondentes apresentaram uma alta de investimento por ano no setor e indicaram que desejam investir mais quando a pandemia terminar; para conectividade sem fio atual e avançada, incluindo gastos com pessoas, hardware, software, equipe e consultoria, o investimento ao longo dos próximos três anos será de R$50 milhões a R$100 milhões para 37% dessas empresas e de R$100 milhões ou mais para 18%.
A novidade é que além do 5G e do Wi-Fi 6, 101% dos respondentes afirmaram que aumentarão o investimento nas tecnologias de máquinas NB-IoT, LoRA e SigFox, até 2023, identificando-as como as três tecnologias mais críticas de conectividade sem fio, para as iniciativas de negócio das suas empresas; 95% afirmaram já estar se preparando ou com pilotos iniciados para implementar LPWAN;
A redução dos custos (39%) e a melhoria de eficiências (37%) foram os principais benefícios que as empresas brasileiras apontaram em relação à adoção da conectividade sem fio avançada. Na pesquisa global, a criação de novos produtos/serviços foi o objetivo mais importante para outros países.
Investindo em tecnologia
A busca acelerada por novas tecnologias nos últimos meses também trouxe o aumento da atenção com a segurança dos dados e de informações internas. O modelo de trabalho remoto em massa e a produção de dados aumentada são dois fatores em uma considerável lista de variáveis que afligem as empresas quanto à cibersegurança. As preocupações com segurança (45%) e compatibilidade com versões anteriores de sistemas existentes (43%) são os maiores desafios na adoção de conectividade avançada sem fio, segundo as empresas participantes da pesquisa no Brasil.
Ainda na linha da confiança, dois terços preferem fazer uso de soluções fim-a-fim (41%). Isso significa que optam por contratar um único intermediário que solucione todos as questões tecnológicas, de forma independente. No relatório global, a escolha das organizações de outros países é pelo “best-of-breed” (contratação das melhores soluções de diversos fornecedores).
“No Brasil a preferência das empresas é no investimento em nuvem privada e costumam confiar nos seus fornecedores, justamente porque acreditam que as redes públicas não são seguras. O interessante é que por outro lado, essa ainda é uma confiança pequena [49%]. Isso ocorre, provavelmente, porque as organizações entendem que possuem convicção para fazer sem intermediários, e esse é um ponto que deve ser avaliado com cautela.”, afirma Marcia Ogawa.
O ideal é que se planeje o que fazer com os dados, pensar na inovação de maneira consistente e como será a integração das tecnologias já existentes com as novas oportunidades. Segundo a especialista de Telecomunicações da Deloitte, “o excesso de otimismo em relação a seguir de maneira independente algo tão complexo deve ser avaliado pelas empresas. Não só a forma como será feito, mas a experiência dos profissionais envolvidos deve ser o ponto crucial a ser avaliado.”.
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