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Estudo da Deloitte prevê crescimento de 30% no volume de ativos cedidos no mercado brasileiro de cessão de créditos, em 2025

  • Expectativa é de aumento de 20% no valor investido nesses produtos para este ano, segundo dados do Mercado de Cessão de Créditos 2024;
  • Novos desafios regulatórios exigem adaptação das instituições financeiras;
  • Volume de transações devem alcançar R$ 42,8 bilhões, em 2026.

 

Diante da alta inadimplência e dos juros elevados no Brasil, instituições financeiras estão redefinindo suas estratégias para gestão de portfólios de créditos não performados (NPL) com expectativa de crescimento de 30% no volume de ativos cedidos e aumento de 20% no valor investido em 2025. É o que revela o estudo Mercado de Cessão de Créditos 2024, realizado pela Deloitte – organização com o portifólio de serviços mais diversificado do mundo - que estimou uma movimentação de R$ 37,5 bilhões no mercado de NPL (sigla em inglês) este ano.

 

O estudo destacou que o volume de transações de créditos não performados  - em atraso a partir de empréstimos não pagos em até 90 dias ou com baixíssima possibilidade de quitação, por exemplo - se mantiveram estáveis em 2024 na comparação com 2023, porém, o valor investido cresceu 20%, indicando a confiança do mercado na recuperação de créditos não performados.

 

A estabilidade no volume de transações em 2024 na comparação com 2023 refletiu a dificuldade percebida pelos cessionários em relação à recuperação de créditos, que segue impactada pelo alto nível de endividamento das famílias e pela dificuldade em alinhar o perfil da dívida à capacidade de pagamento dos devedores.

 

Contudo, para 2025, as expectativas no mercado de cessão de créditos são otimistas. Somente entre os cedentes participantes da pesquisa, a estimativa é que o volume transacionado deva atingir R$ 37,5 bilhões neste ano. A Deloitte estima ainda que há mais R$ 15 bilhões em ativos a serem cedidos de instituições não participantes do levantamento.

 

“Após a consolidação do mercado de NPL no Brasil entre 2021 e 2022, em que as transações superaram R$ 50 bilhões de valor de face anuais, o mercado passou a adotar estratégias mais acuradas para gestão de seus portfólios, selecionando de forma mais assertiva os portfólios e créditos a serem cedidos. Os desafios econômicos, regulamentares e comportamentais criam novos desafios no planejamento e execução destas transações, mas também abrem oportunidades para inovação e adaptação. Há ainda bastante espaço para ativos não essenciais ainda pouco transacionados e que deverão manter o impulso desse setor no próximo ano.”, afirma Ricardo Marin, sócio de Financial Advisory da Deloitte.

 

O estudo estima que a venda de NPL salte de uma média por cedente de R$ 1,3 bilhão em 2024, para R$ 1,7 bilhão em 2025 e R$ 2,1 bilhões em 2026. Já em relação aos investidores, o estudo revela que em 2024 foram investidos, na média, R$ 218 milhões por respondente, sendo R$ 263 milhões previstos para 2025 e R$ 300 milhões para 2026.

 

Impacto das regulamentações e estratégias para adequação

O estudo da Deloitte mostra que os principais desafios para as instituições financeiras incluem a implementação de normas regulatórias, como a Resolução 4.966/21, que exige maior rigor na provisão de perdas e podem impactar a dinâmica do mercado,  e que, neste estudo, tem dividido as opiniões entre os cedentes. Enquanto 53% acreditam que as novas normas
provocarão uma redução inicial no volume de ativos não performados a serem
cedidos, 47% avaliam que a mudança trará ajustes apenas na seleção de créditos, permitindo até mesmo um aumento no volume transacionado.

 

Além disso, 26% dos entrevistados apontaram que as novas regras podem gerar necessidade de provisionamento adicional, o que poderá gerar mais oportunidades neste segmento.

 

Prescrição de dívidas e seu impacto no mercado

A prescrição de dívidas, que tem ganhado espaço nos debates do setor, também figura como um desafio relevante. Embora quase 90% das empresas cedentes ainda mantenham a cobrança de créditos passíveis de prescrição, 38% delas já não incluem esses ativos em suas estratégias de cessão.

Caso as regras sejam endurecidas, 50% de representantes de empresas cessionárias entrevistadas indicaram que planejam restringir suas ações a um atendimento receptivo, enquanto 40% consideram a utilização de protestos em cartório como alternativa para manter a recuperação desses créditos. As principais consequências já identificadas pelas organizações cedentes incluem a menor disposição dos clientes para negociar (30%) e a necessidade de maior flexibilização nas políticas de recebimento (25%).

 

Tendências e prioridades para os próximos anos

 

O setor de financeiras, destaque entre novos entrantes em 2024, deve liderar no uso do mercado secundário nos próximos dois anos. Setores como público, utilities e telecom também sinalizam aumentos expressivos, apontando para uma maior diversificação nesse mercado.

 

A projeção de crescimento no volume de transações é expressiva: os valores transacionados devem saltar de R$ 37,5 bilhões em 2025 para R$ 42,8 bilhões em 2026. Esses números refletem o apetite crescente do mercado, impulsionado por oportunidades econômicas e pela busca das empresas por uma gestão mais eficiente de seus portfólios.

 

Além disso, a pesquisa revelou que, embora a antecipação de caixa seja uma motivação relevante para 40% dos cedentes, mais da metade deles negociam ativos non-performing como forma de gestão da PDD (60%) e do portfólio (55%), liberando recursos para focar no core business (55%).

 

Apesar das boas perspectivas, o mercado ainda enfrenta barreiras importantes. A diferença entre o preço estimado pelos cedentes e o valor ofertado pelos cessionários continua sendo um dos principais entraves para a efetivação de vendas. Questões fiscais, cláusulas contratuais e riscos de imagem também ganharam relevância, reforçando a necessidade de um planejamento cuidadoso por parte das empresas. Por outro lado, novas oportunidades têm surgido, como a possibilidade de expansão para o segmento de créditos adimplentes, que apresenta grande potencial de crescimento nos próximos anos.

Metodologia

 

Para o estudo Mercado de Cessão de Créditos 2024, a Deloitte consultou 29 cedentes de NPLs no Brasil, entre 28 de outubro e 6 de dezembro de 2024, por meio de questionário eletrônico. Desses, 45% ocupam cargos de gerência, 39% diretoria/superintendência, 10% analista/assistente/advisor, 3% supervisão/coordenação, e 3% presidente/CEO. No mesmo período, a pesquisa entrevistou 31 cessionários, também por meio de questionário eletrônico. Desses, 53% ocupam cargos de sócios, 27% são presidentes/CEOs, 10% cargos de diretoria/superintendência e 10% gerência.

 

Jeffrey Group
Assessoria de imprensa

deloitte@jeffreygroup.com