O Estudo releva aumento do crédito líquido concedido a cliente e dos capitais próprios dos bancos e uma diminuição do total dos activos e dos depósitos em 2021.
O resultado líquido dos bancos incluídos na 16.ª edição do Banca em Análise(1), Estudo da Deloitte, apresentada hoje, 25 de Outubro, em formato presencial, numa sessão reservada a convidados e à imprensa, registou, em 2021, uma variação muito significativa de 896 mil milhões de kwanzas em relação ao ano anterior, passando para um valor agregado positivo de 592 402 milhões de kwanzas (2020: -303 724 milhões de kwanzas).
O valor total dos activos dos bancos ascendeu a 17 412 mil milhões de kwanzas, em 2021, o que corresponde a um decréscimo de aproximadamente 5,4% face a 2020. O valor total dos depósitos de clientes no sector bancário foi de 13 141 mil milhões de kwanzas, o que representa um decréscimo de 7% face a 2020, explicado pela valorização do kwanza, que leva a redução do valor dos depósitos denominados em moeda estrangeira.
Na posição relativa entre os cinco maiores bancos a operar em Angola, o BAI continua a liderar, com um activo total de 3 039 mil milhões de kwanzas, seguido pelo BFA, BIC, BPC e ATLANTICO, tendo-se registado uma troca de posições entre o BPC e o BIC. Os cinco maiores bancos representaram cerca de 65% do total do activo do sector bancário. A nível de ranking relativo aos depósitos de clientes, o BAI continua a ser o banco com maior volume de depósitos captados, seguido pelo BFA, ATLANTICO, Banco Económico e BIC.
“Gostaria de salientar aqueles que consideramos terem sido os principais movimentos ocorridos nas demonstrações financeiras dos bancos, durante o ano de 2021. No que diz respeito às rúbricas de balanço destacamos: (i) a redução dos activos e dos depósitos, influenciado pela valorização do Kwanza face ao Dólar norte-americano e ao Euro”; e o (ii) o aumento do crédito líquido a clientes (+4%) impulsionado, em grande parte, por medidas de incentivo à concessão de vários tipos de crédito emanadas pelo BNA. No que diz respeito à demonstração de resultados, salientamos: (i) a reversão das imparidades na carteira de títulos de dívida pública, decorrentes da melhoria do rating de Angola; (ii) o aumento dos custos operacionais (+17%); e (iii) a redução significativa dos resultados cambiais (-90%) resultante, essencialmente, da flexibilização do mercado cambial” salienta José Barata, Presidente da Deloitte Angola.
José Barata acrescenta ainda que “o resultado líquido que os bancos têm vindo a registar nos últimos anos está muito alicerçado nos resultados cambiais e na margem financeira obtida, essencialmente, através do investimento em títulos de dívida pública, que deixarão de ser a alavanca dos resultados líquidos no futuro. Desta forma é essencial que sejam definidos novos modelos de negócio que lhes permitam assegurar um posicionamento diferenciado, trazendo outras fontes de rendimento, bem como efectuar investimento em tecnologia e na capacitação do capital humano, por forma a tornar a actividade mais eficaz e eficiente.”
Notas:
(1) O presente estudo inclui a informação financeira em base individual dos bancos a operar em Angola durante o ano de 2021, com a excepção do Banco VTB África, S.A. por indisponibilidade das respectivas demonstrações financeiras. Relativamente ao Banco Económico, S.A., importa referir que, até à data de elaboração do presente estudo, não publicou as Demonstrações Financeiras para o ano de 2019, 2020 e 2021, tendo, no entanto, emitido no dia 12 de Outubro de 2022 um comunicado de imprensa com um conjunto de dados e indicadores do Banco, com referência ao período compreendido entre 2019 e 2021, os quais foram utilizados neste estudo, sempre que possível.