Por Rafael Maciel da Costa Oliveira, sócio de Consultoria Tributária da Deloitte
O universo da determinação de impostos vem sendo impactado por crescentes demandas fiscais e transformações tecnológicas robustas – seja com as mudanças constantes na legislação tributária, com a exigência de faturamentos eletrônicos em tempo real ou com a urgência na migração de tecnologias para o ambiente cloud. Somado a este ambiente transformacional, vivemos em um momento divisor de águas no Brasil ao falarmos de impostos indiretos, considerando a vindoura reforma tributária – com início em 2026 – e, seu extenso período de transição, programado para encerrar no final de 2032.
Diante desse contexto, observamos que as áreas tributárias de muitas empresas enfrentam dificuldades para acompanhar tantas mudanças, agindo comumente de maneira reativa aos desafios expostos. O momento, no entanto, exige uma reflexão mais profunda e proatividade para que o setor atue com protagonismo a fim de aproveitar essa janela de oportunidade para agregar valor e se preparar para o novo panorama dos negócios que se desenha.
Ambiente em nuvem
Uma das movimentações fundamentais diz respeito à importância da área de impostos em participar ativamente das atualizações dos ERPs (Enterprise Resource Planning, no original em inglês) – sistemas de gestão empresarial que conectam setores de finanças, RH, produção, cadeia de suprimentos, estoques e, não obstante, gestão contábil e tributária. No entanto, um estudo da Deloitte revelou que somente 37% das empresas implementaram de maneira completa um sistema ERP personalizado para questões fiscais.
É de senso comum a significativa percepção de valor das organizações que migraram seus ERP’s para ambientes em nuvem, destacando os benefícios de redução de custo, escalabilidade, acessibilidade, segurança, performance e flexibilidade de integração – esta mesma proposta de valor é aplicável para as soluções fiscais que também seguiram a adoção da migração para tecnologias em nuvem.
Determinação de impostos indiretos
O processo de determinação de impostos indiretos compreende o cálculo dos impostos transacionais (ICMS, ICMS-ST, IPI, PIS, Cofins, ISS) que incidem nas transações core das empresas – vendas, compras, devoluções, transferências, remessas etc – e a efetividade na determinação exige uma clara configuração de cenários de negócio e ambiente tributário que envolva a modelagem de dados, identificando requisitos que garantam a tributação tanto de cenários padrão, como também daqueles que são exceções fiscais.
Os principais desafios das empresas nesse processo são:
Todos esses fatores são somados, ainda, à complexidade do ambiente tributário brasileiro.
Infelizmente, essa complexidade técnica e operacional tende a ganhar proporções ainda maiores com a reforma tributária dos impostos sobre consumo. O modelo proposto apresenta uma longa transição, exigindo que as corporações adaptem seus sistemas e processos para processarem o novo modelo tributário (CBS, IBS, IS) juntamente com o regime vigente, durante o período de 2026 a 2033.
Com o objetivo de solucionar essas dores, a adoção de motores de cálculo de impostos externos ganha cada vez mais relevância. Implementá-los para processar a determinação dos impostos indiretos significa contar com um grande aliado para a gestão fiscal. Com essa solução, os cálculos complexos de tributos são realizados por uma aplicação externa de forma precisa e eficiente, já compreendendo o conteúdo tributário, apresentando maior flexibilidade para criação e manutenção de cenários tributários customizados.
O motor de cálculo externo ganha um apelo ainda maior quando avaliado sob a perspectiva das organizações que possuem uma arquitetura tecnológica complexa, utilizando múltiplos ERPs, soluções de faturamento legado e de comércio digital. Essa proposta de valor é garantida graças à sua flexibilidade nas integrações, garantindo o conceito de omnichannel fiscal para o usuário.
Atualmente, o gasto estimado das empresas para lidar com o compliance tributário é em torno de 1,5% a 3,5% da receita – um percentual significativo –, no entanto, com o uso de um motor de cálculo externo, é possível focar na causa do problema (desafios no faturamento) e diminuir essa porcentagem de gasto, poupando recursos e mantendo a competitividade, além de sanar uma lacuna dentro da própria força de trabalho dedicada a esse setor. Isso porque a demanda da área tributária é mais alta do que o número de profissionais especializados disponíveis, configurando um desafio manter esses especialistas motivados, já que eles acabam sendo muito disputados no mercado.
O uso de uma ferramenta inteligente como motores externos pode trazer benefícios que vão muito além de uma (importante) sintonia com o ERP. Há, por exemplo, um ganho de competitividade nos preços, visto que a precificação fica muito mais específica. Isso porque cada produto tem uma diferente carga tributária, determinada com precisão por meio de motores de cálculos externos.
Vale ressaltar, ainda, que são várias as ofertas desses motores no mercado, incluindo opções SAP e Oracle, entre muitas outras. Na Deloitte, buscamos apresentar a melhor solução de determinação de impostos de maneira customizada, a depender das demandas de cada cliente. Nossas equipes são referência na área tributária, mas também são multidisciplinares e estão aptas para a fase de automatização da determinação de impostos, com o apoio de ferramentas disruptivas desenvolvidas por parceiros de tecnologia líderes no mercado.
Obter ajuda externa com motores de cálculos não reflete, como muitos pensam, uma fraqueza da empresa. Pelo contrário! Mostra que a organização busca trazer um retorno sobre o investimento (ROI, na sigla em inglês) significativo, com soluções de ponta a ponta: desde a integração de seus sistemas e a fase de aconselhamento, até o operacional e a implementação personalizada de um motor de cálculo que traga precisão e eficiência – acelerando, assim, a transformação digital da empresa rumo ao futuro.