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Tecnologias emergentes impulsionam a indústria brasileira a ter mais competitividade

As tecnologias imersivas integram o mundo físico com ambientes digitais, criando experiências envolventes e interativas.

* Por Clarisse Gomes

A indústria brasileira tem enfrentado desafios significativos, com queda de participação no PIB do país nas últimas duas décadas somada a redução de produtividade, decorrente de diversos fatores estruturais, econômicos e políticos. O problema afeta a complexidade econômica, que é a capacidade do país de criar, melhorar, diversificar e sofisticar suas atividades produtivas, com bens e serviços variados e avançados, sendo fonte constante de novas oportunidades de negócios e emprego. 

A edição mais recente da Pesquisa de Inovação (PINTEC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em março deste ano, apontou que a taxa de inovação das empresas industriais com 100 ou mais pessoas ocupadas no país foi de 64,6% em 2023, o que representa uma diminuição em relação a 2022, quando a taxa foi de 68,1%, e a 2021, que foi de 70,5%. O percentual se refere às empresas que introduziram produto novo ou substancialmente aprimorado e/ou incorporaram algum processo novo ou aprimorado às suas funções de negócios. 

Um dos caminhos para reverter essa tendência e impulsionar a indústria nacional é a adoção estratégica de tecnologias emergentes. O relatório “Tech Trends”, da Deloitte, há mais de uma década analisa o surgimento de novas tecnologias e mostra que o desenvolvimento tecnológico busca trazer três grandes impactos: simplicidade, inteligência e abundância, permitindo adoção em escala. Esses atributos podem moldar a transformação da indústria brasileira e torná-la mais competitiva globalmente.

Em 2023, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) destacou três tecnologias emergentes, quantum, realidade imersiva e biologia sintética, para serem analisadas por comitês multidisciplinares com especialistas de todo o mundo, envolvendo a academia e os setores privado e público. Como integrante desse fórum, tive a oportunidade de verificar o potencial das tecnologias emergentes para a indústria. Dentre elas, a Inteligência Artificial pode ser utilizada em aplicações para manutenção preditiva, identificação de gargalos produtivos e sistemas inteligentes para análise de dados em tempo real. 

As tecnologias imersivas, como a Realidade Aumentada, Realidade Virtual e Vídeos 360°, integram o mundo físico com ambientes digitais, criando experiências envolventes e interativas. Dessa forma, possibilitam treinamento de equipes mais eficientes, simulação de processos industriais e melhoria da experiência do consumidor. Há ainda Modelagem 3D e Escaneamento 3D, que permitem evoluir na prototipação de forma rápida e personalizada, reduzindo custos e acelerando o desenvolvimento de novos produtos. Essas tecnologias também podem aquecer outros setores da economia, como saúde, educação, turismo e varejo, conforme detalha o relatório publicado recentemente pela OCDE, que traz os resultados do estudo

Embora o Brasil ainda tenha desafios, como o desenvolvimento de infraestrutura e a qualificação profissional, as tecnologias emergentes podem contribuir para a transformação da indústria do país. As lideranças empresariais devem alinhá-las à estratégia de negócios de suas organizações, com foco nos impactos desejados. Isso implica começar com projetos pilotos escaláveis, que permitam a adaptação gradual e o aprendizado contínuo. Essas tecnologias exigem um conhecimento altamente especializado, por isso é necessário formar parcerias estratégicas com empresas especializadas, centros de pesquisas, universidades e outros agentes de inovação. Além disso, fazer o mapeamento de riscos associados, criando métricas específicas para medir seu impacto e valor agregado à operação.

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