Diante das incertezas se teremos ou não uma nova janela de IPO (Oferta Inicial de Ações, na sigla em inglês) este ano, uma convicção permanece: as empresas interessadas em dar esse próximo passo devem preparar-se não apenas para a abertura do capital, mas também para o que vem depois dela, chamado de “pós-IPO”.
Antes de detalharmos essa segunda etapa, vale entendermos a conjuntura atual do mercado de ações e as possibilidades de uma retomada de IPOs, após um jejum de mais de dois anos. É necessário entender os novos desafios e as exigências às quais as empresas interessadas em abrir capital precisam se adaptar, especialmente no que diz respeito às novas normas de sustentabilidade.
Mesmo com as movimentações acima (ou a falta delas), ainda há notícias de que muitas empresas estão na fila de uma janela de IPO, aguardando por um cenário econômico mais favorável para tal – o que pode se concretizar somente no próximo ano. No entanto, em virtude destas dificuldades macroeconômicas, o que vem se desenhando é um cenário com públicos mais específicos e de empresas nichadas – como as organizações relacionadas ao setor de infraestrutura, por exemplo. Além disso, espera-se que haja mais participação de empresas familiares, em particular daquelas que enfrentam desafios relacionados à sucessão, visto que a abertura de capital pode ser uma solução eficaz para trazer liquidez e impulsionar a profissionalização da gestão.
Em contrapartida, espera-se uma menor participação de startups devido à falta de bons resultados daquelas que entraram em 2021, o que gerou a percepção de terem dado um passo mais acelerado do que podiam.
Para as empresas que já estão no processo de preparação de IPO, há um novo desafio: as novas regras de sustentabilidade aprovadas pela Resolução 193 da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Os entrantes do mercado de capitais terão de adotá-las em 2026, mas as normas da CVM permitem sua adoção de forma antecipada.
Segundo as novas regras, é necessário desenvolver relatórios que demonstrem os riscos e as práticas relacionadas aos temas de sustentabilidade e clima adotados pela organização, e seus impactos financeiros. Elas foram determinadas para que os dados sobre o tema estejam mais claros e padronizados, garantindo mais segurança ao investidor.
Além das novas regras, ainda há os desafios “tradicionais” que uma empresa enfrenta ao se preparar para o IPO, pois é um processo que, além de provocar uma mudança na cultura da organização, é complexo e exige um planejamento meticuloso – o qual deve incluir um modelo de negócio robusto e sustentável para que a empresa se mantenha competitiva após a abertura do capital.
Uma assessoria especializada pode guiar a empresa em todas as fases que antecedem o processo de IPO – desde o diagnóstico inicial (ou IPO Readiness), que avalia a maturidade da empresa, até a implementação de mudanças necessárias, como a questão da sustentabilidade mencionada acima. Todas as medidas são tomadas para otimizar o processo, antecipando desafios e reduzindo o tempo de implementação e os custos envolvidos. Nesse amplo processo, todas as etapas devem ser assessoradas, inclusive o pós-IPO, que mencionamos no início do artigo.
O “pós-IPO” muitas vezes não está entre as preocupações e planejamento das organizações, o que resulta em gestores inseguros por não poderem mais contar com o time externo que o ajudou na jornada anterior (até a abertura de capital ou “pré-IPO”) – como advogados, assessores financeiros e bancos.
Ao realizar um processo de IPO readiness completo, as empresas preparam-se tanto para a abertura de capital, quanto para a fase posterior – um diagnóstico bem feito antecipa potenciais problemas de pós-IPO.
Além dos departamentos, ainda há desafios relacionados a prazos – por falta de análise prévia, muitas vezes a empresa não tem experiência ou mão de obra suficiente para cumprir com os requerimentos nos prazos exigidos. Além disso, manter o foco na operação em si e não se deixar levar pela oscilação das ações também pode ser uma tarefa desafiadora depois do IPO.
Todos esses diagnósticos que envolvem tanto o pós-IPO, quanto as fases anteriores, podem ser úteis para acompanhar o desempenho da empresa no mercado acionário, analisar e, se necessário, ajustar a governança, reduzir os riscos e melhorar a comunicação com investidores e acionários.
Nesse sentido, abrir capital com o apoio de uma consultoria estratégica é participar de uma jornada pautada por comprometimento e busca por otimização em todas as fases do processo.