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Perspectivas globais para o hidrogênio verde 2023

Energizando o caminho para a descarbonização

O hidrogênio verde deve desempenhar um papel fundamental para o alcance da neutralidade climática até 2050, segundo esta análise econômica da Deloitte. O potencial é tanto que essa pode ser uma segunda chance para os mercados globais, ao possibilitar uma completa descarbonização da economia mundial a partir da superação das limitações atuais e dos desafios impostos para a transição energética.

Líderes no mundo todo buscam acelerar a transição energética em andamento para alcançar o net zero até meados deste século. O alinhamento dos países às metas estabelecidas no Acordo de Paris – limitar o aquecimento global a bem menos de 2°C, impedindo-o de ultrapassar 1,5° C – significará a substituição de sistemas movidos a combustíveis fósseis pelos movidos às fontes de energia de baixo carbono, como as renováveis.

O hidrogênio verde pode superar esses limites e se tornar a principal opção de abastecimento de hidrogênio limpo a longo prazo, sendo economicamente viável e verdadeiramente sustentável.

Seja em sua forma gasosa pura, seja como moléculas derivadas (amônia, metanol e combustíveis sintéticos para a aviação – SAF, na sigla em inglês), o hidrogênio verde pode conduzir a economias significativas de emissões em setores onde a redução é difícil de alcançar, como as indústrias química, siderúrgica e de transporte pesado (aviação e navegação). Além disso, com as energias eólica e solar continuando a ganhar espaço, o hidrogênio ajudará a garantir flexibilidade e estabilidade de rede aos sistemas de energia.

O hidrogênio verde pode redesenhar o mapa global de energia até o final da década, criando um mercado de US$ 1,4 trilhão por ano até 2050.

Hidrogênio Verde

Conheça os destaques do estudo

Este relatório, com base no modelo econômico da Deloitte “Hydrogen Pathway Explorer (HyPE)”, investiga o nascimento de um mercado global de hidrogênio verde nos próximos anos. As análises conduzidas apontam para uma expansão contínua desse mercado, de US$ 642 bilhões em receita anual em 2030 para US$ 1,4 trilhão por ano em 2050, um marco para o alcance da neutralidade climática.

Esta é uma oportunidade para que lideranças dos setores privado e público acelerem a transição energética para fontes limpas e reduzam até 85 GtCO2eq em emissões cumulativas até 2050.

O comércio global é fundamental para liberar todo o potencial do mercado de hidrogênio verde, apoiado por uma infraestrutura de transporte diversificada. Nosso estudo mostra que, em 2050, o comércio global entre as principais regiões produtoras de hidrogênio verde pode gerar mais de US$ 280 bilhões em receitas anuais de exportação. Os produtos mais comuns são os derivados de hidrogênio – amônia, metanol e SAF – que são mais fáceis de transportar por longas distâncias.

Até 2050, os principais exportadores incluem o norte da África (US$ 110 bilhões por ano), a América do Norte (US$ 63 bilhões), a Austrália (US$ 39 bilhões) e o Oriente Médio (US$ 20 bilhões).

O comércio livre e diversificado pode reduzir significativamente os custos, melhorar a segurança energética e promover o desenvolvimento econômico em mercados emergentes e em desenvolvimento. As receitas de exportação de hidrogênio verde podem trazer oportunidades de crescimento econômico para os países do Sul Global e, em parte, compensar a queda nas receitas de petróleo, gás natural e carvão.

Governos e empresas podem redirecionar gastos com petróleo e gás para a comercialização de hidrogênio. Segundo estima o estudo, mais de US$ 9 trilhões em investimentos cumulativos serão necessários para que a cadeia global de abastecimento de hidrogênio verde impacte definitivamente o alcance do net zero até 2050 – sendo que US$ 3,1 trilhões desses recursos seriam de investimentos em economias em desenvolvimento. Apesar do montante vultoso, a média anual desses investimentos é significativamente menor do que os US$ 417 bilhões gastos na produção de petróleo e gás em 2022 globalmente.

Nos mercados em desenvolvimento, o mercado de hidrogênio verde poderia fomentar até 1,5 milhão de empregos ao ano entre 2030 e 2050, e os benefícios não se limitam às economias desenvolvidas. Em escala global, o hidrogênio verde pode fomentar até 2 milhões de empregos no período. Os impactos são significativos para a prosperidade ambiental, econômica e social.

Forte apoio político será decisivo para ampliar a economia do hidrogênio limpo e garantir que, especialmente, o hidrogênio verde desempenhe seu papel fundamental para a neutralidade climática.

Para estabelecer um mercado livre e sólido, focado na ação climática e apoiado por estratégias e políticas, podem ser necessários instrumentos voltados a reduzir a diferença de custo entre tecnologias verdes e as baseadas em combustíveis fósseis, o que impulsionaria o hidrogênio verde e garantiria resiliência a longo prazo. Isso simplificaria a cadeia de suprimentos de hidrogênio verde e promoveria um mercado livre por meio da cooperação internacional.

Os formuladores de políticas devem concentrar a atenção em três componentes:

  • Lançar as bases para um mercado orientado para o clima.
  • Criar um caso de negócio.
  • Garantir resiliência a longo prazo.

Referências
 

  1.  “O Acordo de Paris” das Nações Unidas, acessado em 3 de abril de 2023.

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