Os volumes gerais de procura e venda no mercado imobiliário brasileiro fecharam estáveis no quarto trimestre de 2024 (4T24). De um lado, o segmento residencial econômico, comumente designado Minha Casa, Minha Vida (MCMV), seguiu aquecido. De outro, o de residências de médio e alto padrão (MAP) registrou quedas importantes na procura e na venda, acentuando o clima de precaução nessa com esse áreasegmento.
É o que aponta a última edição da pesquisa trimestral Indicador de Confiança do Setor Imobiliário, da ABRAINC – Associação Brasileira de Incorporadoras
Imobiliárias – feita em parceria com a Deloitte – organização com o
portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo.
No 4T24, o indicador de procura específica por imóveis do MCMV cresceu 3,3%. O índice de vendas teve aumento de 4,1%, mas ficou 10 pontos percentuais menor comparado ao do mesmo período do ano anterior, o que não tirou a confiança de construtoras e incorporadoras. Dos executivos desse setor entrevistados, 100% planejam lançar pelo menos um novo empreendimento nos próximos 12 meses.
Já a queda na demanda de imóveis residenciais de médio e alto padrão (MAP) foi a mais acentuada em dois anos de levantamento (-10,7%). A tendência de retração de vendas nessa modalidade continua: os resultados ficaram 6,8% negativos no 4T24. Os executivos desse segmento, portanto, não mostraram expectativas tão otimistas em comparação aos períodos anteriores, com apenas 51% expressando intenção de adquirir terrenos para futuros empreendimentos.
Os movimentos opostos de MCVM e MAP fizeram os índices gerais de procura e de vendas no mercado imobiliário se manterem estáveis no 4T24 – eles registraram, respetivamente, queda de 0,7% e aumento de 0,6%.
O Indicador de Confiança do Setor Imobiliário considera dados das construtoras e incorporadoras com produtos MCVM, MAP ou ambos. A média geral de procura por imóveis atingiu 1,97 pontos, entre 3 pontos possíveis, o que significa manutenção dos resultados. Isso depois de cinco trimestres consecutivos de alta. Já os dados gerais de vendas ficaram em 2,03 pontos, o que também representa estabilidade, de acordo com a metodologia do levantamento e análise.
“Nós tivemos resultados mais favoráveis no geral do mercado, durante cerca de um ano, apoiados pelos níveis em declínio do desemprego e melhora da renda per capita. Mas as altas recorrentes da taxa Selic, desde setembro do passado, impactaram os financiamentos, sobretudo do público de médio padrão”, observou Luiz França, presidente da ABRAINC.
Os preços dos imóveis continuaram a crescer no mesmo ritmo observado anteriormente, com um aumento de 5,2% no período analisado em relação ao 3T/24, de maneira geral. Apesar de uma leve desaceleração em dezembro/24 em relação ao mês anterior, o índice IGMI-R/Abecip soma alta de 12,73% no acumulado de 12 meses até dezembro/24.
PRÓXIMO TRIMESTRE
Para 1T25, com a aprovação do orçamento plurianual do FGTS, no valor de R$ 126 bilhões para habitação, há suporte aos compradores do MCMV. Mas tendência é de que a redução nas vendas do seguimento MAP continue.
“Acreditamos na força do segmento residencial econômico, no qual o público-alvo conta com condições mais acessíveis de crédito e subsídios do governo federal. A manutenção dos níveis atuais desse programa propicia ao setor maior tranquilidade para trabalhar. Mas vemos um cenário de retração da economia e encarecimento do crédito ao longo do ano, comprometendo ainda mais o desempenho o segmento de médio e alto padrões”, afirmou Claudia Baggio, sócia de Financial Advisory e líder da prática de Real Estate da Deloitte.
O mercado imobiliário prevê aumento no preço para o segmento MCMV, no 1T25. Essa tendência de alta dos preços deve se manter em curto, médio e longo prazos. No segmento MAP também existe expectativa de forte alta a médio e longo prazos.
“As expectativas são positivas em MCMV, até por conta da sequência do programa do governo federal e do aumento da população entre 30 e 35 anos para os próximos anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Em MAP, os movimentos de cautela visam a sustentabilidade dos resultados”, destacou Luiz França.
SOBRE A METODOLOGIA
As entrevistas do Indicador de Confiança do Setor Imobiliário ocorreram com lideranças de 54 empresas do setor, entre 15 e 30 de janeiro de 2025. As informações obtidas viraram notas, que variam de forte redução até forte aumento, em até 3 pontos possíveis. Foram considerados os dados de incorporadoras dos segmentos Minha Casa, Minha Vida (33% das entrevistadas), Médio e Alto Padrão (29%) e Geral (38% atuando com os dois produtos).
Jeffrey Group
Assessoria de imprensa