Os efeitos persistentes da Covid-19 ainda contribuem para a escassez generalizada de mão de obra e para o aumento dos custos, enquanto a adoção da inteligência artificial (IA) apresenta soluções possíveis. Prevista para desempenhar um papel fundamental na racionalização dos processos de cuidados de saúde, a IA promete precisão e eficiência desde a administração, às operações, à cadeia de abastecimento e ao atendimento ao paciente. A sustentabilidade assume um papel central à medida que as organizações de saúde adotam práticas ecológicas, abordando tanto as preocupações ambientais como a redução de custos. As tecnologias remotas estão remodelando a prestação de cuidados, estendendo-se para além dos serviços médicos e chegando aos cuidados sociais holísticos, reconhecendo a ligação entre os determinantes sociais e o bem-estar. Em resposta ao aumento dos custos, as partes interessadas implementam estratégias inovadoras, desde modelos de cuidados baseados em valor até adaptações da força de trabalho, definindo o futuro do setor nesta conjuntura crítica.
O estudo “Perspectiva global para o setor de Saúde 2024”, da Deloitte, examina como o futuro dos cuidados de saúde globais poderá ser moldado por estas tendências, impulsionando a inovação, a sustentabilidade, a integração da assistência social, a gestão de custos e a adaptação da força de trabalho.
O ano de 2023 foi marcado por desafios na saúde brasileira, com a persistência dos impactos da pandemia da Covid-19 e o surgimento de novas questões de saúde. O sistema de saúde no Brasil divide-se entre público e privado, com 25% da população (cerca de 50,9 milhões de pessoas) utilizando serviços privados regulamentados, enquanto o restante depende de serviços não regulamentados ou do Sistema Único de Saúde (SUS). O País gasta aproximadamente 9,3% de seu PIB (Produto Interno Bruto) em saúde, totalizando cerca de R$ 800 bilhões, distribuídos entre saúde pública e privada.
Disparidades regionais e desigualdades. O Brasil apresenta grandes disparidades regionais na oferta de serviços de saúde, evidenciadas pela variação no número de médicos por mil habitantes, chegando a diferenças de até cinco vezes entre regiões. Essas desigualdades refletem na expectativa de vida, com variações significativas entre cidades e bairros, destacando a desigualdade social existente no acesso à saúde.
Envelhecimento populacional e obesidade. O Brasil enfrenta um rápido envelhecimento populacional, prevendo-se uma das maiores taxas do mundo, o que representa um desafio adicional para o sistema de saúde. A taxa de obesidade, tanto em crianças quanto em adultos, é outra preocupação crescente, projetando-se que 41% dos adultos brasileiros serão considerados obesos até 2035.
Impactos da pandemia e aumento de beneficiários da Saúde Suplementar. A pandemia levou, inicialmente, a uma redução temporária no uso de serviços de saúde devido ao distanciamento social, mas posteriormente houve um aumento significativo, resultando no ingresso de 4 milhões de brasileiros no sistema de saúde suplementar nos últimos três anos. O aumento de casos de autismo, somado a fraudes e abusos, contribuiu para um aumento nos gastos com saúde, pressionando financeiramente hospitais e planos de saúde.
Sinistralidade e desafios financeiros. A sinistralidade, indicador importante do sistema de saúde, permanece elevada, atingindo até 90% em alguns momentos. A questão da sustentabilidade financeira no setor de saúde é agravada pelos altos custos operacionais, especialmente para hospitais, que enfrentam desafios mesmo com o aumento da demanda.