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Apesar de avanços, experiência profissional das mulheres, inclusive no Brasil,ainda deixa a desejar em termos de inclusão e saúde, revela pesquisa da Deloitte

  • Globalmente, há redução do número de mulheres que relatam sentir-se esgotadas: pouco menos de 30% sinalizaram essa sensação (assim como no Brasil), contra 46% na edição anterior; os níveis de estresse, porém, são mais altos hoje do que no ano passado para mais de metade da amostra.
  • Também em linha com os resultados globais, o número de mulheres que relatou ter vivenciado algum comportamento não-inclusivo no Brasil reduziu (47%) frente ao registrado e, 2022 (60%);
  • Ainda assim, mais de metade das mulheres no Brasil indicam terem reportado oficialmente situações não-inclusivas em seus ambientes de trabalho; e pouco mais de um terço (34%) não recomendaria sua organização como um ótimo lugar para trabalhar;
  • Uma em cada cinco mulheres entrevistadas no Brasil relatou problemas de saúde relacionados à menstruação – dessas, metade afirmam trabalhar mesmo em meio à dores e outros sintomas.

A sensação de esgotamento no trabalho entre as mulheres foi um pouco menor nos últimos doze meses; e o bem-estar mental é apontado como um pouco superior, agora, em comparação com o vivenciado nos anos de 2020 e 2021, os primeiros da pandemia de Covid-19 e, portanto, da instituição generalizada do trabalho remoto ou híbrido. O quadro geral da experiência das mulheres no mercado de trabalho, porém, ainda traz grandes preocupações. É o que revela a nova edição da pesquisa global “Women @ Work 2023”, da Deloitte, organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo. Um sinal é que, no Brasil, mais de metade das mulheres, em geral, e das mulheres pertencentes a minorias étnicas (55%, em ambos os casos), apontaram a manutenção dos níveis de estresse que já sentiam no ano passado – resultado semelhante ao da pesquisa global. No país, as profissionais mais jovens têm menos probabilidade de se sentir à vontade para discutir saúde mental no local de trabalho.

“As descobertas anteriores de nossa pesquisa foram dominadas pelo impacto negativo da pandemia na rotina das profissionais, juntamente com o aumento da exposição a comportamentos não inclusivos, esgotamento e os desafios diversos do trabalho híbrido. Esta é uma questão cada vez mais crítica, em geral, e, felizmente, o cenário tem melhorado. No entanto, ainda estamos consideravelmente longe do ideal. É preciso apostar cada vez mais nas mulheres em todos os âmbitos, criando culturas genuinamente inclusivas, que garantam apoio ao desenvolvimento da carreira, equilíbrio entre vida profissional e pessoal e promoção da inclusão” afirma Aline Vieira, líder do programa Delas da Deloitte.

A edição atual da pesquisa, realizada entre outubro de 2022 e janeiro de 2023, ouviu 5 mil mulheres de dez países, sendo 500 no Brasil. O levantamento revela uma manutenção na porcentagem de mulheres brasileiras que avaliam sua saúde mental como boa ou muito boa, em 40%. Apenas 35% das brasileiras e 40% da amostra global acreditam que recebem suporte de saúde mental adequado. Nos grupos compostos por minorias étnicas, uma em cada quatro (26%) dizem sentir-se à vontade para falar sobre saúde mental no local de trabalho e indicam que recebem apoio adequado neste quesito de seus empregadores.

Semelhante à média global (44%), o volume de mulheres no Brasil que relatam ter vivenciado comportamentos não-inclusivos foi menor neste ano (47%) comparado à última edição do estudo (60%). Ainda assim, mais de metade das mulheres no Brasil indicam terem reportado oficialmente essas situações em seus ambientes de trabalho. O comportamento mais relatado é outra pessoa assumir o crédito por suas ideias (23%). Mulheres de grupos étnicos minoritários no Brasil são mais propensas a experimentar esse comportamento (44%) do que na amostra brasileira geral (23%) e no total global (15%). Entre as que não relataram essas experiências a seus empregadores, 45% dizem que não achavam que o comportamento era sério o suficiente para denunciar.

Trabalho híbrido: desafios permanecem e afetam a escolhas de carreira

Apesar de as experiências no trabalho híbrido terem melhorado, com menos mulheres dizendo que sentem excluídas das reuniões, esta sensação ainda é realidade para 48% das respondentes brasileiras (contra 57% no ano passado). Já a porcentagem de participantes que afirmaram não ter exposição suficiente aos líderes seniores subiu ligeiramente, para 38%. Em meio a esses desafios, novas questões parecem preocupar as mulheres: o número de respondentes que aponta não ter um padrão de trabalho previsível subiu de 7% para 40%.

Entre as entrevistadas brasileiras que relataram ter alta flexibilidade no trabalho, 83% classificaram sua produtividade como boa ou muito boa. Na outra ponta, entre as profissionais que relataram ter baixa produtividade, 58% classificaram sua produtividade dessa forma. A lealdade com os empregadores também é maior para as profissionais com alta flexibilidade (78%) em comparação às com baixa flexibilidade (61%). Na percepção das entrevistadas em geral, porém, o trabalho flexível não é bem-visto nas organizações onde trabalham. Quase a totalidade das profissionais brasileiras (96%) acredita que solicitar ou aproveitar o trabalho flexível afetaria a probabilidade de uma promoção e 95% acham que é improvável que seu volume de trabalho seja ajustado de acordo com um regime flexível.

O estudo revela que 17% das brasileiras deixaram o emprego no último ano, porcentagem similar a amostra global (18%). No Brasil, remuneração (27%) e falta de oportunidades de ascensão e de aprendizado (13%) foram fatores decisivos para essa decisão. Na amostra global, os dois principais motivos foram remuneração (18%) e falta de flexibilidade (14%).

“Embora a atual edição de nossa pesquisa mostre alguns vislumbres de melhoria para as mulheres no local de trabalho, também ilumina o quanto resta fazer”, diz Emma Codd, líder global de inclusão da Deloitte. “Houve piora no que diz respeito a aspectos críticos do local de trabalho, como suporte à saúde mental. E a grande maioria das entrevistadas não acredita que seu empregador esteja tomando medidas concretas para cumprir seus compromissos com igualdade de gênero. Os empregadores devem ir além do estabelecimento de metas e políticas e promover consistentemente um ambiente de trabalho mais inclusivo e respeitoso, onde todas as mulheres possam ter sucesso.”

Saúde da mulher no ambiente de trabalho

Uma em cada cinco mulheres relata problemas de saúde relacionados à menstruação ou à menopausa. Dessas, metade (49%) das que sofrem pela menstruação e 16% das que sofrem pela menopausa afirmam trabalhar mesmo em meio à dores e outros sintomas. Das mulheres que sofrem pela menstruação, duas em cada dez dizem ter pedido dias de folga para lidar com as dores sem mencionar o motivo – e apenas uma em cada dez fez o mesmo mencionando o motivo. Assim como a amostra global (56%), mais da metade das mulheres no Brasil acredita que é importante que as empresas ofereçam licença remunerada para sintomas relacionados à menstruação (57%) e à menopausa (52%).

Apesar de avanços, cenário ainda é crítico

Quando solicitadas a avaliar suas preocupações sobre fatores externos fora do local de trabalho e questões sociais, as entrevistadas brasileiras citaram os direitos das mulheres como sua principal preocupação (62%), seguido por saúde física e mental (ambos com 56%) e segurança financeira (55%). A maioria das mulheres no Brasil (94%) sente que sua organização não está dando passos concretos para cumprir seu compromisso com a diversidade de gênero. Mais da metade (53%) diz que o compromisso de sua organização em apoiar as mulheres não aumentou no ano passado. Pouco mais de um terço das mulheres no Brasil (34%) não recomendariam sua organização como um ótimo lugar para trabalhar, e quase 60% dizem que sua organização não se posiciona em questões políticas e sociais que são importantes para elas.

Persistem obstáculos no ambiente doméstico

Assim como a média global, as mulheres com parceiros no Brasil assumem a maior parte das tarefas domésticas, como cuidar dos filhos (58%) e fazer a limpeza, entre outras tarefas domésticas (51%). Menos de um terço das mulheres no Brasil dividem os cuidados dos filhos com os parceiros, e apenas 16% dividem as tarefas de limpeza da mesma forma. Três quartos das mulheres no Brasil (76%) dizem que o parceiro é a principal fonte de renda da casa. Esses cenários são mais críticos para mulheres em grupos étnicos minoritários, que têm maior probabilidade de fazer a maior parte do trabalho doméstico. Globalmente, mais de um terço das mulheres diz sentir a necessidade de priorizar a carreira de seu parceiro em detrimento da própria, muitas vezes porque este tem renda maior. Semelhante aos dois relatórios anteriores, a edição deste ano descobriu que mulheres em grupos sub-representados enfrentam desafios mais significativos do que a amostra geral quando se trata de saúde mental, comportamentos não inclusivos, equilíbrio trabalho/vida pessoal e esgotamento.

“Muitos avanços ainda são necessários para mitigar os sintomas de esgotamento e estresse no trabalho e para que as mulheres tenham, de fato, as mesmas oportunidades e direitos que os homens no mundo corporativo. Além disso, só iniciativas realmente concretas podem fazer com que mulheres não se sintam inferiores nem tenham medo de denunciar comportamentos inadequados. O lado bom é que já existem empresas que contam com ações efetivas de equidade de gênero, mas muito avanço ainda é necessário”, destaca Angela Castro, sócia e líder da estratégia ALL IN da Deloitte. “Tratar a interseccionalidade é fundamental pois cada marca social traz ainda mais complexidade. Na Deloitte, fazemos isso por meio da estratégia ALL IN, com ações desenvolvidas a oito pilares, que se voltam a pessoas com deficiências; jovens aprendizes; mulheres; pessoas LGBTQIAP+; pessoas não brancas; profissionais acima de 50 anos; e profissionais das áreas STEAMs, estrangeiros e refugiados, entre outros grupos identitários. Obviamente, na maior parte desses pilares, as mulheres contam com apoio para as muitas diversidades que a compõe como indivíduo na sociedade. As iniciativas devem ser consistentes, desde o processo de sensibilização ao de sustentação de ações mais consolidadas. Mentorias, Sponsorship, rodas de conversas em todos os níveis trazem maior conhecimento e neutralização de vieses que hoje, ainda denotam os entraves culturais que permeiam a Sociedade e organizações. Temos que navegar em toda nossa cadeia de valores e ecossistema para romper as barreiras já consolidadas. Não há retrocesso uma vez que a cultura inclusiva tem trazido valor ao ecossistema e negócios” completa.

Os acertos e atrasos entre as organizações

Apesar dos muitos avanços que precisam acontecer em relação à diversidade de gênero nas empresas, a pesquisa da Deloitte identificou um grupo de “Líderes de Igualdade de Gênero”, organizações que, de acordo com as mulheres pesquisadas, criaram culturas genuinamente inclusivas que apoiam suas carreiras, equilíbrio entre vida profissional e pessoal e promovem a inclusão. A proporção de mulheres trabalhando para empresas assim é de 5% globalmente e 3% no Brasil. Por outro lado, foi identificado um grupo de organizações atrasadas nesse quesito.  As mulheres que trabalham para essas empresas indicam que têm uma cultura menos inclusiva e de baixa confiança. Este ano, 24% das entrevistadas globais e 26% das entrevistadas no Brasil trabalham para essas organizações. Mulheres que trabalham para líderes de igualdade de gênero relatam níveis muito mais altos de bem-estar e satisfação no trabalho. 

Metodologia da pesquisa 

Entre outubro de 2022 e janeiro de 2023, a Deloitte Global realizou uma pesquisa com 5.000 mulheres em 10 países para explorar como as mulheres em todo o mundo avaliam sua satisfação geral, otimismo e motivação no local de trabalho em meio à pandemia de Covid-19 em andamento. Agora em seu terceiro ano, a pesquisa destaca tendências e serve como uma análise comparativa das atitudes das mulheres desde o início da pandemia. No Brasil, 500 mulheres foram consultadas. Desse total, a ampla maioria (87%) trabalha em tempo integral. Em relação ao modelo de trabalho, 44% estão atuando de forma híbrida, 5% de forma remota e 51% totalmente presencial. Mais da metade (54%) das brasileiras entrevistadas têm entre 39 e 54 anos.

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