Os brasileiros da geração Z e millennials enfrentam desafios na vida e no ambiente de trabalho, como ansiedade, estresse e preocupações com a vida financeira e familiar e as mudanças climáticas. Apesar disso, quase metade deles (47% da Geração Z e 46% dos millennials) está satisfeita com o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, assim como com o progresso dos empregadores em relação à diversidade, equidade e inclusão (DEI) – os índices são superiores aos dos entrevistados globais. Esses são alguns dos principais resultados da edição de 2023 da pesquisa global “Gen Z and Millennial Survey”, elaborada pela Deloitte, organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo, que contou com entrevistados de 44 países; no Brasil, participaram 800 pessoas, sendo 500 da geração Z e 300 millennials.
“Nossa pesquisa traz visões valiosas sobre as percepções e experiências da geração Z e millennials no ambiente de trabalho. Essas informações são essenciais para as organizações que desejam criar culturas positivas e engajar efetivamente esses jovens profissionais”, destaca Dani Plesnik, líder de Talent da Deloitte. “É fundamental e urgente que as organizações escutem e se adaptem às necessidades e expectativas dessas gerações. Para atrair e manter talentos, as empresas devem priorizar a harmonização entre trabalho e vida pessoal, promover um ambiente inclusivo e diversificado, oferecer opções flexíveis de trabalho e discutir e endereçar o bem-estar mental”, conclui Plesnik.
Brasileiros estão mais satisfeitos com o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e com progresso dos empregadores em relação a DEI e impacto social do que a média global
No Brasil, 47% da geração Z e 46% dos millennials estão satisfeitos com o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, números superiores à média global de 34% e 31%, respectivamente. Além disso, os índices de satisfação com as ações de diversidade, equidade e inclusão (DEI) dos empregadores no Brasil também são superiores à média global: 40% para a geração Z e 38% para os millennials.
A maioria dos entrevistados no Brasil acredita que as organizações têm um impacto muito ou razoavelmente positivo na sociedade, com 68% da geração Z e 70% dos millennials compartilhando essa percepção. Esses números são significativamente superiores às médias globais, de 48% e 44%, respectivamente. No entanto, apenas 24% de ambas as gerações acreditam que as organizações estão adotando medidas para proteger o meio ambiente. Os percentuais de entrevistados brasileiros que acreditam ter o poder de promover mudanças e que sua organização busca opiniões dos profissionais e incorpora esses feedbacks são superiores aos da média global: 69% na geração Z e 66% dos millennials (ante 58% e 55% dos pares globais, respectivamente). No Brasil, 31% da geração Z e 35% dos millennials dizem que já rejeitaram uma tarefa ou um potencial empregador com base em suas éticas ou crenças pessoais; ante 39% e 34%, respectivamente, da média global.
A preferência é trabalho remoto ou híbrido; maioria responde e-mails e mensagens fora do expediente
A pesquisa revela que uma parcela significativa dos entrevistados (76% da geração Z e 77% dos millennials) brasileiros consideraria procurar um novo emprego caso fosse necessário trabalhar presencialmente em tempo integral. Além disso, 73% dos entrevistados da geração Z e 66% dos millennials preferem um modelo de trabalho híbrido, que inclua tanto o trabalho remoto quanto o presencial.
Quando questionados sobre seu atual modelo de trabalho, 17% dos entrevistados da geração Z e 19% dos millennials informaram que trabalham remotamente 100% do tempo. Já 16% da geração Z e 18% dos millennials têm total liberdade para escolher de onde trabalhar, numa combinação entre trabalho presencial e remoto. 20% da geração Z e 16% dos millennials trabalham de forma híbrida, mas é o empregador quem determina quantas vezes e quando trabalhar de casa e no escritório. Uma parcela parecida (19% Z | 16% millennials) afirma que o trabalho poderia ser feito fora do escritório, mas que a empresa exige o trabalho presencial. 28% dos respondentes da geração Z e 31% dos millennials têm trabalhos cuja natureza exige o trabalho presencial. 60% dos respondentes da geração e 52% dos millennials disseram que ainda será possível pedir por mais flexibilidade no trabalho, mesmo que a situação econômica do País piore ou permaneça a mesma nos próximos 12 meses.
De acordo com os entrevistados, as organizações deveriam focar nas seguintes ações para ajudar a promover um melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal para seus profissionais: garantir que os funcionários que trabalham meio período tenham oportunidades comparáveis de progresso na carreira; criar mais posições de meio período; implementar semanas de trabalho de quatro dias e permitir que os profissionais trabalhem em horários flexíveis. No entanto, os principais fatores que estão impedindo os entrevistados de aproveitarem o trabalho flexível ou de reduzirem suas horas são: o corte salarial que seria necessário; a carga de trabalho não seria reduzida apropriadamente; a preocupação de que fazer isso possa reduzir as chances de uma promoção; preocupação de que sejam atribuídas tarefas menos interessantes ou desafiadoras e receio de ter menos responsabilidade atribuída.
Quase 1/3 dos profissionais brasileiros dessas gerações (30% Z | 31% millennials) respondem e-mails ou mensagens de trabalho fora do horário comercial todos os dias; 25% de ambas as gerações o fazem de três a quatro vezes por semana, enquanto 18% das duas gerações costumam responder de uma a duas vezes por semana. Por outro lado, 24% da geração Z e 25% dos millennials afirmaram que menos frequentemente ou nunca respondem mensagens fora do expediente. Os principais motivos apontados para responderem mensagens fora do horário comercial foram: se atualizar dos últimos acontecimentos (39% geração Z | 37% millennials); e-mails oriundos de um superior (31% | 32%); para melhorar as perspectivas de promoção/ avanço na carreira (28% | 22%) e espírito de equipe/cultura da empresa (21% | 22%).
Empregadores levam saúde mental a sério; no entanto, é alto número de relatos de assédio e microagressões
De acordo com o estudo, a maioria dos respondentes brasileiros (60% da geração Z e 63% dos millennials) afirmou que seus empregadores levam a saúde mental dos profissionais a sério e implementaram políticas para auxiliá-los nesse aspecto. Além disso, 85% dos entrevistados da geração Z e 88% dos millennials destacaram que o suporte e as políticas de saúde mental são muito ou razoavelmente importantes ao considerar um potencial empregador, números superiores à média global de 81% e 82%, respectivamente.
No entanto, a pesquisa também revelou uma preocupação significativa: cerca de 1/3 dos participantes da geração Z e 24% dos millennials no Brasil não se sentiriam confortáveis em falar abertamente com seu gestor direto sobre estresse, ansiedade ou outros desafios de saúde mental. Outro dado que chama a atenção é o número de brasileiros das duas gerações que relataram ter sofrido assédio ou microagressões no trabalho nos últimos 12 meses. Dos indivíduos da geração Z, 62% afirmaram ter vivenciado essas situações, enquanto entre os millennials esse número foi de 51%. As principais formas de assédio incluíram contato físico indesejado, e-mails ofensivos ou sugestivos e abordagens ou investidas físicas por colegas. Já as principais microagressões relatadas foram piadas inapropriadas, exclusão de interações ou conversas informais e desvalorização por líderes em função do gênero.
A pesquisa também investigou como as organizações lidaram com as denúncias de assédio. Entre os entrevistados da geração Z que reportaram os casos, 47% disseram que a empresa reagiu muito bem ou bem, enquanto 27% relataram que a organização não lidou bem com a situação. Já entre os millennials brasileiros que reportaram assédio, 60% afirmaram que a empresa lidou muito bem ou bem, enquanto 19% alegaram que a organização não tratou adequadamente o problema.
Desemprego, custo de vida e desigualdade estão entre as principais preocupações dos brasileiros
As duas principais preocupações de ambas as gerações no Brasil são, nesta ordem: o desemprego (32% geração Z | 31% millennials) e o custo de vida (31% e 28%, respectivamente). Em terceiro lugar para a geração Z, aparecem a desigualdade e a discriminação (30%). Preocupação com crimes/segurança pessoal (24%) e educação vêm na sequência. Para os millennials brasileiros, preocupação com crimes/segurança pessoal aparece em terceiro lugar (26%); na sequência estão corrupção nos negócios ou na política (20%) e mudanças climáticas (19%). Para os entrevistados globais as principais preocupações são com o custo de vida, desemprego e mudanças climáticas.
A questão do custo de vida é um problema significativo para as gerações Z e millennials. No Brasil, a maioria da geração Z e dos millennials (63% e 62%, respectivamente) diz que vive apenas do salário do mês e se preocupa em não conseguir pagar todas as despesas. Os níveis globais são inferiores – 51% e 52%, respectivamente. Os entrevistados também apontaram que se tornará mais difícil ou impossível alcançar o seguinte se a economia não melhorar nos próximos 12 meses: pedir um aumento (70% para geração Z | 59% para millennials); conseguir um novo emprego (56% | 50%); pedir uma promoção (60% | 50%); começar uma família (59% | 54%) e comprar uma casa (69% | 63%).
No Brasil, 35% dos entrevistados da geração Z e 41% dos millennials assumiram um emprego paralelo; na pesquisa de 2022, 38% da geração Z e 38% dos millennials tinham um trabalho extra. Os principais motivos para os brasileiros arrumarem outro trabalho além do emprego principal são: necessidade de uma segunda fonte de renda (36% da geração Z | 41% millennials); ajuda para se desligar ou focar em algo diferente da atividade principal (26% | 24%); por hobby (26% de ambas as gerações); porque a segunda atividade proporciona um impacto positivo para a sociedade (26% | 28%) e porque gostaria se desenvolver na atividade e torná-la o trabalho principal.
Quase metade no Brasil sente ansiedade ou estresse na maior a parte do tempo
A pesquisa identificou altos níveis de ansiedade e estresse entre os entrevistados brasileiros, especialmente entre a geração Z. Metade (50%) da geração Z no Brasil diz que se sente ansiosa ou estressada o tempo todo ou a maior parte do tempo; a média global é 46%. Já entre os millennials, 45% dos brasileiros se sentem dessa forma, ante 39% dos pares globais. Mais da metade dos brasileiros (58% geração | 55% millennials) se sentem esgotados devido à intensidade/demanda de suas cargas de trabalho; no ano passado, esses números eram ligeiramente maiores: 59% e 58%, respectivamente.
Os fatores que mais contribuem com o aumento da ansiedade e do estresse, de acordo com os respondentes do Brasil, são: preocupação com as finanças do dia a dia (59% da geração Z | 49% dos millennials); o futuro financeiro de longo prazo (55% Z | 53% millennials); família e relações pessoais (50% | 43%); saúde/bem-estar social da família (48% | 54%) e preocupações com a saúde mental (47% | 53%).
Mudanças climáticas também geram preocupação e ansiedade
As mudanças climáticas têm gerado grande estresse para a geração Z e os millennials, influenciando suas escolhas de estilo de vida e carreira. Os resultados destacam a preocupação crescente dessas gerações em relação ao clima e seu desejo por ações concretas para combater essa crise global. No Brasil, 69% dos respondentes da geração Z (em comparação com 60% da média global) e 73% dos millennials afirmaram ter sentido preocupação ou ansiedade em relação às mudanças climáticas no último mês. Essas preocupações ambientais têm impacto direto em suas decisões cotidianas. Para reduzir seu impacto no meio ambiente, as gerações Z e millennials já estão evitando ou planejam evitar o consumo de fast fashion, pesquisando ou planejando pesquisar sobre as práticas de sustentabilidade das empresas antes de fazer uma compra, tornando ou planejando tornar suas casas mais eficientes em termos de energia, adotando ou planejando adotar dietas veganas ou vegetarianas e optando por ter poucos ou nenhum filho.
A pesquisa também revelou que 54% da geração Z e 57% dos millennials estão pressionando ativamente seus empregadores para tomarem medidas relacionadas às mudanças climáticas. Quase metade dos brasileiros (49% da geração Z | 47% dos millennials) acreditam que seus empregadores deixaram de priorizar a estratégia climática nos últimos anos devido a fatores como a pandemia da Covid-19 e a inflação global. Além disso, 56% dos entrevistados da geração Z e 61% dos millennials afirmaram que seus empregadores estão proporcionando treinamento e desenvolvimento de habilidades para prepará-los para uma transição para uma economia de baixo carbono. Essa abordagem reflete a crescente demanda das gerações mais jovens por empresas comprometidas com a sustentabilidade.
Quando questionados sobre em que as empresas devem investir para combater as mudanças climáticas, os entrevistados da geração Z e dos millennials no Brasil destacaram as seguintes áreas de maior importância: educação e treinamento sobre como ser mais sustentável (30% geração Z | 35% millennials); proibição ou redução de produtos plásticos de uso único (29% para ambas as gerações); implementação de esforços mais amplos para reduzir suas próprias emissões (26% para ambas as gerações); inclusão do desempenho em sustentabilidade como critério para selecionar fornecedores (25% geração Z | 22% millennials); e fornecimento de subsídios aos funcionários para escolhas sustentáveis (24% geração Z | 27% millennials).
Metodologia
A pesquisa, realizada entre novembro e dezembro de 2022, obteve 14.483 entrevistados da Geração Z e 8.373 millennials, totalizando 22.000 entrevistados de 44 países em diferentes regiões do mundo. No Brasil, participaram 800 pessoas, sendo 500 da geração Z e 300 millennials. Os resultados revelam as percepções e experiências dessas gerações em relação ao ambiente de trabalho, satisfação com as ações dos empregadores e preocupações pessoais.
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