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Organizações devem promover avanços significativos na implementação das práticas ESG até 2030, aponta estudo da Deloitte com o IBRI

  • Há um especialista em ESG na equipe de Relações com Investidores em aproximadamente um terço das empresas participantes da pesquisa, enquanto 17% têm planos de contratar um ainda este ano;
  • 78% das organizações discutem questões de responsabilidade ambiental nas reuniões de Conselho;
  • A padronização de indicadores ESG é vista como fator importante para o processo de comparação das informações divulgadas ao mercado;
  • Parte das empresas já utiliza ferramentas de inteligência artificial como apoio às atividades da área de RI.

A agenda ESG (Ambiental, Social e Governança) continua a ter um impacto significativo nas responsabilidades dos profissionais de RI (Relações com Investidores) e para as empresas do mercado de capitais, como um todo. Este cenário destaca a importância dos indicadores de boas práticas de governança e de responsabilidade social e ambiental nessa área. No entanto, de acordo com a pesquisa "Evolução da agenda ESG - O impacto desta transformação nas atividades dos RIs", conduzida pela Deloitte, organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo, em parceria com o IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores), apesar de a divulgação dos indicadores de governança ocupar o mais alto nível de importância atualmente, na opinião dos entrevistados, a de ações ambientais se tornará igualmente relevante nos próximos dois anos.

O estudo, realizado com 55 empresas, das quais 30% são listadas em Bolsas de Valores no Brasil ou no exterior, mostra, ainda, que a padronização da taxonomia dos indicadores ESG pode colaborar com o processo de comparação das informações divulgadas ao mercado. Também aponta para a necessidade de que as organizações invistam em equipes ou pessoas especializadas em ESG para apoiar seus times de RI. Essa demanda sinaliza a inserção de um novo profissional no futuro do setor, o Controller ESG, responsável por analisar a sinergia entre as informações de responsabilidade ambiental, social e de governança, e financeiro-contábeis, além de apoiar o planejamento estratégico.

“A agenda ESG é reconhecida como um fator impulsionador de oportunidades significativas para as empresas, o que evidencia a disposição das organizações em abordar essa temática não apenas como um requisito regulatório, mas como uma estratégia central para agregar valor aos seus negócios. Consequentemente, o mercado demanda profissionais com habilidades multidisciplinares e com conhecimento aprofundado sobre os indicadores sociais, ambientais e de governança. Isso ocorre porque, do ponto de vista das empresas, a falta de equipes especializadas está, hoje, entre os maiores desafios no acompanhamento dos indicadores ESG e na elaboração de relatórios que possam promover uma mudança de paradigma nas demandas internas das organizações”, afirma Reinaldo Oliari, sócio de Audit & Assurance da Deloitte.

Perspectivas e possibilidades no âmbito do mercado de capitais

O estudo identificou as seguintes tendências e expectativas para o mercado de capitais: um aumento significativo nas exigências relacionadas à governança, riscos e controles (80%), a implementação de uma padronização nos relatórios e indicadores ESG (76%), o surgimento de novos canais de comunicação com investidores (47%) e uma maior atenção aos planos de continuidade de negócios (47%). 

A jornada de transformação ESG

O crescente envolvimento dos profissionais de RI com temas ESG, indicado por 88% dos respondentes, reflete uma mudança na abordagem das empresas em relação aos conhecimentos e habilidades necessários para a implementação de práticas e indicadores ambientais, sociais e de governança. O relatório mostra, por exemplo, que 78% das empresas participantes já discutem questões de responsabilidade ambiental nas reuniões de Conselho. Assim, a inclusão de especialistas nessa área nas equipes de RI pode contribuir para a criação de valor de forma mais equilibrada e abrangente. De acordo com o relatório, 30% dos entrevistados afirmaram ter um especialista em ESG em sua equipe de RI, enquanto 17% têm planos de contratar um ainda este ano. O cenário também reforça o desafio de o profissional de RI, além de avançar em seus conhecimentos multidisciplinares, se especializar cada vez mais em temas e indicadores ESG.

Segundo a avaliação a longo prazo do relatório, as empresas devem promover avanços significativos na implementação das práticas ESG até 2030. Nesse sentido, as organizações que buscam antecipar essa jornada de transformação estão criando oportunidades para um desempenho aprimorado nos próximos anos. Em relação à importância de incorporar as questões ESG em suas estratégias de negócio, 85% das empresas responderam que planejam fazê-lo por meio da criação de métricas relacionadas ao tema, 65% pela incorporação dos valores ESG à identidade corporativa, 55% têm a intenção de estabelecer um Comitê de Sustentabilidade e 53% desejam promover ações ESG entre os colaboradores.

As empresas estão cada vez mais comprometidas em monitorar os indicadores ESG e devem continuar expandindo suas práticas de divulgação ao mercado, a fim de atender às crescentes expectativas dos stakeholders em relação à sustentabilidade e responsabilidade corporativa. Atualmente, quase todas as empresas respondentes monitoram indicadores ESG – ambientais, 95% delas; sociais, 94%; e de governança, 93%. Dentre os indicadores, os sociais são os mais divulgados ao mercado (por 66% das empresas respondentes). Entre os indicadores específicos incluídos estão os de consumo de energia (83%), o volume de resíduos reciclados/enviados para reutilização (77%), os programas de treinamento para funcionários (82%), a saúde e segurança no trabalho (80%), o Código de Ética e Conduta (90%), o canal de denúncias (82%) e a privacidade de dados (80%).

Ao serem questionados sobre os desafios relacionados ao monitoramento de indicadores ESG e à elaboração de relatórios, 61% dos entrevistados destacaram a falta de padronização dos dados como o principal problema, seguido pela escassez de equipe especializada (59%), a ausência de ferramentas para coleta de informações (57%), a dispersão das informações (41%) e a dificuldade em mensurar o impacto financeiro (39%).

A atuação dos profissionais de RI (Relações com Investidores) no contexto empresarial brasileiro

A pesquisa revela que, este ano, 30% das empresas testemunharam um aumento na participação do líder de RI nas decisões estratégicas da organização. Além disso, a pesquisa destaca as habilidades que melhor definem uma liderança de RI bem-sucedida, incluindo a capacidade de comunicar o valor percebido da empresa ao mercado (62%), o conhecimento em Governança (56%), a credibilidade com investidores de longo prazo (54%) e uma compreensão profunda dos indicadores, relatórios e metas relacionados a ESG (44%).

Quanto aos profissionais do setor, os principais obstáculos para seu desenvolvimento, apontados pelos respondentes, incluem a necessidade de conhecimento multidisciplinar (76%), a falta de visão estratégica ou planejamento (30%) e a falta de senioridade na articulação interna (26%). Contudo, ao superar esses obstáculos, eles têm a oportunidade de aprimorar suas habilidades de governança e de assumir um papel de destaque ou de maior envolvimento nas questões ESG, e alcançar um amadurecimento na gestão de crises.

Comunicação estratégica, avaliação de marca e ferramentas 

Devido ao destaque dos investidores individuais nos últimos anos, os stakeholders têm desempenhado um papel cada vez mais importante na percepção de valor das empresas – ainda que seja um grupo minoritário, o de Pessoas Físicas foi o que apresentou maior taxa de crescimento, de 17 pontos percentuais, entre 2018-2021, na comparação com 2023. Com isso, as empresas estão valorizando mais a interação em tempo real com os investidores, por meio de conferências on-line e presenciais, além de manterem a divulgação de informações nos canais já estabelecidos, como o website, e-mail e materiais para a Imprensa. Ainda, 96% das organizações têm incorporado princípios ESG nestas comunicações. 

Por meio da agregação de informações, é possível obter uma visão mais abrangente do perfil dos investidores, ao passo que a análise competitiva assegura que as empresas estejam em sintonia com as melhores práticas e tendências do mercado no que se refere à interação com seus públicos-alvo. Atualmente, 8% das organizações já estão utilizando ferramentas de inteligência artificial na área de RI (Relações com Investidores), abrangendo áreas como análise de dados financeiros e de mercado, automação de tarefas repetitivas, chatbots para atendimento aos investidores, monitoramento de mercado e personalização de conteúdo para investidores.

Dentre os meios digitais para avaliar o grau de exposição da marca ao público, os webinars e o acesso direto ao site de RI são as principais maneiras utilizadas pelas organizações.

“A área de RI ainda deve manter-se atenta às ferramentas e soluções tecnológicas que podem apoiar seu dia a dia, tornando os processos mais eficientes. Atualmente, parte das empresas já utiliza ferramentas de inteligência artificial em RI, para atividades como análise de dados, automação de tarefas e atendimento aos investidores. Estes meios proporcionam eficiência, acesso à informação, comunicação efetiva, análise avançada e conformidade. E com isso, capacitando os profissionais a desempenharem um papel estratégico na interação com os investidores e no sucesso da empresa no mercado de capitais”, declara Rodrigo Lopes da Luz, membro do Conselho de Administração do IBRI.

Metodologia e amostra

A pesquisa “Evolução da agenda ESG – O impacto dessa transformação na atividade dos RIs” foi elaborada com base em questionário on-line, entre 27 de abril e 30 de maio de 2023. Participaram do estudo 55 empresas, entre as quais 30% estão listadas em Bolsas de Valores, no Brasil ou no exterior, e 56% têm receita líquida acima de R$ 500 milhões. Entre os respondentes, 80% ocupam cargos executivos, 48% atuam em cargos de Conselho, RI, Relações Institucionais, Governança e Riscos e Sustentabilidade/ESG. Participaram do levantamento empresas dos setores de prestação de serviços (29%), Infraestrutura (25%), Bens de consumo (18%), Agronegócios, alimentos e bebidas (9%) e Serviços financeiros (9%).

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