A situação de risco inflacionário, somada aos atuais níveis de taxa de juros, aumento do endividamento das famílias e instabilidades políticas e institucionais criam incertezas que impactam a expectativa para a economia brasileira em 2023. A nova edição da pesquisa ‘Agenda’, realizada anualmente pela Deloitte, organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo, aponta que entre os maiores riscos para o ambiente de negócios no ano, a inflação acima de 5% foi a mais mencionada pelos empresários – 75% dos respondentes apontaram essa preocupação. Risco de uma crise política ou institucional (72%), Selic acima de 10% (65%), aumento da dívida pública (64%) e endividamento das famílias (60%) também preocupam o empresariado. Metade das 501 empresas participantes do estudo teme a alta volatilidade do dólar.
A percepção sobre o cenário econômico em 2022 obteve nota média de 3,0, em uma escala de 0,0 (muito ruim) a 5,0 (muito bom); 6% não souberem responder precisamente ou não opinaram. Já a expectativa para o cenário econômico em 2023 ficou com uma nota 2,3, na mesma escala de 0 a 5 pontos. Neste cenário, 15% dos entrevistados não souberam responder ou não opinaram. Entre os maiores desafios para os negócios em 2023, de acordo com os empresários, estão: aumentar a produtividade ou eficiência (para 76% das empresas), aumentar as vendas (73%), melhorar as margens de resultados (71%), obter mão de obra qualificada (63%) e lançar produtos ou serviços (58%). 44% dos respondentes pretendem aumentar o quadro de funcionários e 49% pretendem manter. Um pouco mais que a metade (18%) das empresas que devem manter o quadro, buscarão substituir por profissionais mais qualificados, com destaque para as necessidades tecnológicas.
“Os mais diversos fatores econômicos e fiscais preocupam os empresários brasileiros, ainda mais após uma crise sem precedentes como a causada pela pandemia da Covid-19, que impactou negativamente muitas organizações nos últimos três anos. Para 2023, inflação, juros, volatilidade do dólar, crise política e endividamento são grandes preocupações, pois o empresariado tem plena consciência de que tudo isso afeta o dia a dia de uma empresa. A pesquisa mapeia essas preocupações. As organizações devem ter clareza de que uma agenda de investimentos estratégicos será fundamental para transformar as atividades das empresas, a fim de que mantenham a competitividade diante desse cenário”, destaca João Gumiero, sócio-líder de Market Development da Deloitte.
Apesar de parte importante (21%) das empresas ter recuperado o volume de vendas do período pré-pandemia, 46% dizem que ainda não recuperaram seu negócio em todas as frentes de resultados ou atividade. Para 33% das organizações participantes, a pandemia da Covid-19 não impactou as operações; neste contexto, destacam-se empresas dos setores de TI, telecomunicações, serviços financeiros, agronegócio, educação, extrativas e prestadoras de serviços às empresas. Em respostas múltiplas, as organizações apontaram os seguintes impactos mantém-se nos dias atuais: margem de lucro abaixo do nível pré-pandemia (24%), volume de vendas abaixo do nível pré-crise (20%), ainda pagam gastos acumulados durante a crise (16%), clientes permanecem inadimplentes desde a crise (11%), não recuperaram a liquidez/alto endividamento (10%) e não recuperaram o quadro de profissionais (9%).
Mais de 1/3 dos empresários enxerga reforma tributária com bons olhos, mas receia novos impostos
A simplificação do modelo tributário brasileiro é a principal expectativa do empresariado frente à reforma tributária: 37% entendem que o impacto será positivo nas empresas. Já 43%não sabem avaliar qual seria o impacto, enquanto 20% acreditam que o impacto seria negativo. Em respostas múltiplas, os entrevistados têm as seguintes preocupações relacionadas à reforma tributária: novo impostos/taxas subnacionais (63%), nova política tributária desestimular o empreendedorismo e o investimento (53%), a tributação de lucros e dividendos (50%), o risco de bitributação durante a transição de modelo (47%), diminuição/fim dos regimes especiais de tributação para a indústria (27%) e diminuição/fim dos regimes especiais de tributação para a região (23%).
Metodologia e amostra da pesquisa
A edição de 2023 da pesquisa “Agenda” contou com a participação de 501 empresas, cujas receitas líquidas totalizaram R$ 2,1 trilhões em 2022 – o que equivale a 21% do PIB brasileiro. A distribuição geográfica da amostra ocorre da seguinte forma (considerando a sede administrativa das empresas): 74% na Região Sudeste, 14% na Região Sul, 7% no Nordeste e 5% no Centro-Oeste e no Norte do País. Do total dos respondentes, 90% estão em nível executivo, ou seja, em cargos de conselho, presidência, diretoria e gerência.
Adicionalmente, 36% das empresas participantes são de prestação de serviços, 16% de Manufaturas, 13% de Infraestrutura, 11% de TI e Telecomunicações, 10% de Serviços Financeiros, 7% de Agronegócio, 5% de Comércio e 2% Extrativas. Do total de empresas participantes, 94% são privadas e 41% exportam e importam. As respostas da pesquisa foram coletadas entre 2 de fevereiro de 2023 e 5 de março de 2023.
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